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Profissionais de saúde são racistas, diz governo

Profissionais de saúde são racistas, diz governo
Fernando Carbonieri
dez. 1 - 5 min de leitura
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Profissionais de saúde são racistas, diz governo

É fato que vivemos em um país de politicagens. Ninguém mais duvida disso. Desviar a atenção das reais flagelos que maculam o país é a maior contribuição da publicidade governamental do partido que comanda o Executivo.

A nova "propaganda" do SUS evidencia alguns fatos que são reais. Negros e negras tem sim uma pior saúde. A morte materna e infantil é maior nessa etnia. Fato histórico, alicerçado nas incapacidades do Governo e reforçado pela constante transferência de responsabilidades que este Governo promove com maestria.

A "Campanha de enfrentamento ao Racismo no SUS" do Ministério da saúde é mais um exemplo dessa recorrente necessidade de mudança de foco e é mais um exemplo que demonstra que o Governo vira as costas à população ao bradar falsamente de que promove a inclusão social ou a igualdade entre as etnias. Explico:

Esta peça publicitária, que você assiste a seguir, desconsidera inúmeros fatores que  levaram ao caos que a saúde brasileira se encontra.

Médicos, enfermeiros, dentistas, assistentes sociais e todos os profissionais da saúde, enfrentam uma dificuldade enorme de se fazerem entender devido à carência de discernimento que grande parte da população possui. Esta carência deve-se à falta de educação fundamental e ambiental que estas populações estão expostas. Não há racismo no SUS. Há racismo do Estado, que não investe para disponibilizar serviços de qualidade ( principalmente educação e saneamento básico) aos esquecido por Ele. Infelizmente os afrodescendentes dominam sim a  proporção de pessoas à margem do Estado.

O ministério da saúde afirma que o racismo dos profissionais do SUS é causa dos índices aumentados na população afrodescendente de mortalidade infantil e materna, acesso deficitário ao pré natal e às informações sobre aleitamento materno. Mais uma maneira de seguir o princípio que norteia há 12 anos do atual Governo: Se você é responsável por uma situação sem controle, crie uma polêmica sobre outro tema. Logo todos prestarão atenção na polêmica e esquecerão a sua culpa.

Esta campanha que, ao combater o racismo no SUS, afirma que os profissionais de saúde são racistas. Uma falácia que serve apenas para aumentar a distância e, principalmente, aumentar a importante pressão social que continua a eleger os "defensores dos oprimidos de cor vermelha". Falo isso poque todas as profissões da saúde são pautadas por um código de ética que não permite a separação étnica dos cidadãos. Somos todos formados em faculdades que promovem ações de aprendizado em áreas carentes, em convênio com o SUS. Se há casos pontuais de racismo, eles devem ser sim reprimidos, mas individualmente na esfera jurídica. O que acontece com esse tipo de ação publicitária é que ela pune os trabalhadores do SUS, pois gera ódio dos usuários contra àqueles que trabalham por eles.

Esta campanha tem o objetivo de esconder as reconhecidas mazelas do SUS, como afirmou a nota de repúdio do Conselho Federal de Medicina, lançada 2 dias após a veiculação da campanha:

"Financiamento limitado, fechamento de leitos, falta de insumos e medicamentos, e ausência de uma política de recursos humanos. Na verdade, são essas as causas do mau atendimento para a população no SUS, não importando questões de gênero, classe social ou etnia

Sem a adoção de medidas contra estes problemas, os pacientes que recorrem à rede pública continuarão a ser testemunhar o desrespeito aos princípios constitucionais do SUS (universalidade, equidade, integralidade), o que configura uma agressão aos direitos individuais e coletivos e à dignidade humana"

O estado aparelhado, obviamente, tratou com desdém tal declaração e, muito provavelmente, continuará agravando o distanciamento entre as etnias.

Por trás desse desdém, o Estado continuará a se promover maquiando a propagação de inúmeros analfabetos funcionais, de cidadãos que nãos sabem utilizar o Sistema Único de Saúde, de crianças-gestantes que interrompem suas formação aos 12 anos de idade, de usuários de crack que andam como zumbis pelos centros e periferias... Promovendo os flagelos que reconhecidamente atingem a etnia dominante da população brasileira ( e também a população mais esquecida) e culpando os profissionais que atuam no combate a estes flagelos, o Governo consegue manter-se no poder, pilhando nossos cofres que pagariam realmente pela educação e pela inclusão social de todos os brasileiros.


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