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"Quimicos eternos": As Substâncias que penetram a barreira da pele

"Quimicos eternos": As Substâncias que penetram a barreira da pele
Comunidade Academia Médica
jun. 26 - 3 min de leitura
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Um estudo publicado na Environment International em junho de 2024, trouxe atualizações sobre as substâncias perfluoroalquílicas (PFAS), também conhecidas como "químicos eternos". A pesquisa, realizada por uma equipe da Universidade de Birmingham, demonstrou pela primeira vez que uma ampla gama de PFAS pode ser absorvida pela pele humana e alcançar a corrente sanguínea.

Os PFAS, ou substâncias per- e polifluoroalquílicas, são uma classe de compostos orgânicos sintéticos que englobam milhares de diferentes substâncias químicas. São conhecidos por suas propriedades hidrofóbicas (repelentes à água) e lipofóbicas (repelentes a óleos), além de uma notável estabilidade química e térmica. Essas características os tornam extremamente úteis em diversas indústrias e produtos de consumo, desde vestuário resistente à água, utensílios domésticos, cosméticos e embalagens de alimentos.

Embora alguns desses compostos já tenham sido banidos por regulamentações governamentais, muitos ainda são utilizados sem que seus efeitos tóxicos tenham sido completamente investigados.

Este estudo é significativo pois, até o momento, acreditava-se comumente que os PFAS não eram capazes de ultrapassar a barreira cutânea. No entanto, pesquisas recentes já haviam começado a mostrar uma relação entre o uso de produtos de cuidados pessoais contendo PFAS e as concentrações dessas substâncias no sangue humano e no leite materno.

Sob a liderança da Dra. Oddný Ragnarsdóttir, a equipe utilizou modelos de pele humana tridimensional em laboratório, que imitam as propriedades da pele normal, permitindo assim um estudo ético sem o uso de animais. Eles aplicaram amostras de 17 PFAS diferentes nestes modelos para medir quais proporções eram absorvidas, não absorvidas ou retidas dentro dos modelos.

Os resultados foram reveladores: dos 17 PFAS testados, 15 apresentaram absorção dérmica substancial — pelo menos 5% da dose de exposição foi absorvida. O ácido perfluoro octanoico (PFOA), um dos mais regulamentados, teve 13,5% de sua dose absorvida pela corrente sanguínea, com mais 38% retidos na pele para potencial absorção a longo prazo.

Interessantemente, a absorção pareceu correlacionar-se com o comprimento da cadeia de carbono da molécula. Substâncias com cadeias de carbono mais longas mostraram menores níveis de absorção, enquanto compostos com cadeias mais curtas, introduzidos como substitutos dos PFAS de cadeia longa como o PFOA, foram mais facilmente absorvidos.

O coautor do estudo, Dr. Mohamed Abdallah, destacou a importância da rota dérmica como caminho significativo de exposição a uma ampla gama desses químicos eternos. O Prof. Stuart Harrad acrescentou que entender como esses químicos são absorvidos pela pele é crucial para avaliar os riscos associados, especialmente à medida que a indústria faz a transição para compostos de cadeias mais curtas, teoricamente menos tóxicos.

O estudo reforça a necessidade de mais pesquisas para avaliar os riscos dessas substâncias, não apenas isoladamente, mas como uma classe, dada a sua prevalência e potencial de exposição humana. Além disso, enfatiza a necessidade de regulamentações mais estritas e conscientização sobre os produtos que contêm essas substâncias para melhor proteger a saúde pública e o meio ambiente. 



Referência: 

University of Birmingham. "New study confirms forever chemicals are absorbed through human skin." ScienceDaily. ScienceDaily, 24 June 2024. <www.sciencedaily.com/releases/2024/06/240624125549.htm>.


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