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Rastreando as doenças infecciosas com o seu smartphone

Rastreando as doenças infecciosas com o seu smartphone
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jun. 2 - 5 min de leitura
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A tendência atual de dispositivos móveis cada vez mais poderosos mudou o mercado digital de computadores pessoais para smartphones. Empresas como Apple e Microsoft estão empurrando a tecnologia dos smartphones com tanta força que novos smartphones com maior velocidade e mais recursos estão sendo lançados a cada ano. Os smartphones agora são equipados com processadores de última geração, ricos recursos de armazenamento, vários sensores, telas sensíveis ao toque com interface humana sofisticada e diferentes recursos de conexão de rede.¹

Os bilhões de smartphones em uso em todo o mundo oferecem oportunidades sem precedentes para a ciência colaborativa, rastreio e diagnóstico de doenças. Os exemplos incluem aplicativos que permitem aos usuários de telefones monitorar os sintomas da COVID-19, quantificar os mosquitos transmissores de doenças e detectar patógenos microscópicos. Eles podem até ajudar o mundo a se preparar para a próxima pandemia.

A ciência do smartphone não começou com a COVID-19, mas a pandemia estimulou os pesquisadores a acelerar os esforços da ciência colaborativa que usa smartphones para coletar informações sobre a doença. Os voluntários podem registrar regularmente detalhes sobre seus sintomas, status do teste e localização por meio de aplicativos ou sites. Por exemplo, dados de 5 milhões de usuários do rastreador crowdsourced de Brownstein para influenza e COVID-19 - chamado de Outbreaks Near Me - forneceram evidências iniciais dos benefícios do uso de máscaras ². Esses projetos podem ser implantados rapidamente, uma vantagem em uma crise de saúde pública que se move rapidamente.

O cardiologista Gregory Marcus da Universidade da Califórnia, em San Francisco, conseguiu levar o aplicativo COVID-19 Citizen Science de sua equipe do projeto para 50.000 participantes em menos de um ano.

“Isso seria impossível em um estudo de pesquisa convencional”, de acordo com ele. E como os usuários se inscrevem baixando um aplicativo, esses estudos são de fácil ajuste: os pesquisadores podem adicionar perguntas sobre novas vacinas ou variantes de vírus, por exemplo.

Os smartphones também podem rastrear outras doenças, como malária, zika e dengue, que são transmitidas por mosquitos. Craig Williams, cientista de saúde pública e ambiental da Universidade do Sul da Austrália em Adelaide, em vez de enviar técnicos para capturar e coletar mosquitos, colocou armadilhas com a ajuda de 126 voluntários no sul da Austrália e pediu que enviassem por e-mail fotos dos insetos presos. O projeto, denominado Mozzie Monitors, forneceu vigilância de mosquitos em larga escala por 20% do custo de um programa de vigilância profissional comparável ³.

Em alguns casos, os diagnósticos baseados em smartphones podem se equiparar a equipamentos de laboratório caros e volumosos em velocidade e precisão. Jeong-Yeol Yoon, um engenheiro biomédico da Universidade do Arizona em Tucson, acoplou um smartphone a alguns componentes de microscópio prontos para uso e o aplicativo MATLAB Mobile para detectar o norovírus, que causa cerca de 20 milhões de casos de doença gastrointestinal a cada ano no Estados Unidos.

“Duplicamos o microscópio de fluorescência de bancada, que pode facilmente custar 50.000 dólares, por menos de 40”, diz Yoon, que atualmente está preparando testes clínicos para as versões do norovírus e COVID-19.

Os smartphones são uma ferramenta poderosa para conduzir pesquisas científicas, mas ganhar a confiança dos usuários é crucial para que um aplicativo seja amplamente usado e forneça dados confiáveis. Desenvolvedores e outros especialistas podem ajudar com isso, bem como com os obstáculos tecnológicos. O desenvolvimento de aplicativos costuma ser complicado, e os aplicativos que coletam dados de saúde exigem níveis extras de privacidade, segurança, suporte e conformidade regulatória. Contudo, o uso de uma ferramenta tão difundida como o smartphone tende a ser um novo marco na captação, utilização e disseminação de dados, levando a uma maior integração entre ciência e população.

 


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Referências

  1. LI, Xun et al. Smartphone evolution and reuse: Establishing a more sustainable model. In: 2010 39th International Conference on Parallel Processing Workshops. IEEE, 2010. p. 476-484.

  2. RADER, Benjamin et al. Mask-wearing and control of SARS-CoV-2 transmission in the USA: a cross-sectional study. The Lancet Digital Health, v. 3, n. 3, p. e148-e157, 2021.

  3. SOUSA, Larissa Braz et al. Citizen science and smartphone e-entomology enables low-cost upscaling of mosquito surveillance. Science of the Total Environment, v. 704, p. 135349, 2020.

  4. CHUNG, Soo et al. Norovirus detection in water samples at the level of single virus copies per microliter using a smartphone-based fluorescence microscope. Nature Protocols, v. 16, n. 3, p. 1452-1475, 2021.

  5. RAVINDRAN, Sandeep. Smartphone science: apps test and track infectious diseases. Nature, v. 593, n. 7858, p. 302-303, 2021.

Conteúdo elaborado por Diego Arthur Castro Cabral.


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