Resposta ao artigo do NEJM que fala sobre o SUS no Brasil
Na edição de 4 de junho de 2015 o New England Journal of Medicine publicou um panorama sobre os sistemas de saúde de diversos países no mundo. O artigo que fala sobre o Brasil está publicado neste LINK da maior revista médica do mundo. Sobre o assunto nosso colunista Hélio Angotti Neto publicou na página Sefam, e na página do NEJM, em inglês, sua resposta ao artigo. Vale a pena conferir o gráfico interativo que compara os sistemas de saúde de cada país, clicando AQUI
É verdade que, em números absolutos, o governo "investiu substancialmente na expansão do acesso à saúde para todos os cidadãos". Entretanto, depois de vislumbrar todo o cenário, principalmente quando falamos da 5ª maior população do mundoe da 7ª maior economia, a falta de investimentos progressivos é uma norma. Há uma previsão de redução de mais de 10 bilhões de reais dos recursos para a saúde em 2015, e uma redução de 20 bilhões durante os 4 próximos anos de governo do partido dos trabalhadores.
Mesmo que o alcance da Estratégia de Saúde da Família tenha aumentado, os problemas estruturais ainda permanecem. Os prédios dedicados à assistência à saúde estão, na maior parte do Brasil, em uma situação de calamidade. Em alguns lugares, os materiais mais básicos - como luvas, máscaras, ataduras, sabão e até água potável - não estão disponíveis.A descentralização da administração, em sua maioria, provou-se desastrosa, e o governo governo central está caindo aos pedaços no meio de escândalos e corrupção como nunca antes visto.
Pacientes que precisam de tratamentos mais complexos, diagnósticos mais elaborados, ou mesmo de uma consulta com especialista como um oftalmologista, esperam por meses. O sistema simplesmente não flui na maioria dos lugares, e a sobrecargas dos complexos de saúde secundários e terciários ainda persiste.
Além disso, o programa "Mais Médicos" provou-se como uma desculpa para gastar dinheiro público em Cuba devido a razões ideológicas enquanto a atual presidente do Brasil fazia seu marketing usando isto para as eleições presidenciais de 2014. O alegado bem que o programa proveria, provaram-se falsos. Prefeitos locais de pequenas cidades brasileiras despediram os médicos brasileiros para poupar dinheiro, sabendo que os médicos cubanos iriam trabalhar com fundos do Governo Federal. o que resultou em um decréscimo da assistência médica em 49% dos municípios atendidos pelo programa "Mais Médicos"¹
Se há uma lição que "o mundo pode aprender com a experiência brasileira" é que o Sistema de Saúde mais bem elaborado pode desmoronar quando exposto a prioridades ideológicas absurdas e corrupção endêmica.