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Saúde mental e COVID-19: um estudo global

Saúde mental e COVID-19: um estudo global
Gabriel Couto
fev. 6 - 5 min de leitura
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Amigo(a) leitor(a), nada posso garantir, mas posso arriscar em afirmar que, provavelmente, sua saúde mental foi afetada durante essa pandemia. Acertei? E a de quem não afetou, não é? O impacto da pandemia não atinge um fator isolado, mas vários como a vitalidade, o ânimo e muitos outros aspectos.

Hoje nós vamos ver um artigo muito interessante. Ele foi publicado no final de dezembro de 2020 por Andrew Gloster, do departamento de Psicologia da Universidade de Basel, na Suíça sob o título "Impacto da pandemia COVID-19 na saúde mental: um estudo global". (tradução livre)

O que o estudo fez?

Basicamente, foram recrutados 9565 voluntários com 18 anos ou mais, de 18 línguas diferentes e provenientes de 78 países (o Brasil também participou).

Como o estudo foi feito?

O estudo foi enviado para universitários, membros de universidades, para a imprensa local, professores, engenheiros, para as redes sociais, cidades, distritos, enfim, a meta foi pegar a maior variedade possível de pessoas.

O que foi levado em consideração?

Os participantes responderam a itens como duração do bloqueio, se precisavam sair para trabalhar, se estavam obtendo recursos básicos para viver, se houve mudanças financeiras, espaço do local onde estavam confinados e se eles, ou alguém próximo, se infectou pelo Sars-CoV-2.

Depois disso, os resultados da pesquisa foram incluídos em quatro itens: níveis de estresse, depressão, efeitos positivos e negativos e o bem-estar. Nessa publicação, vamos focar em três: o estresse, a depressão e o bem-estar das pessoas.

O estresse foi medido pela Perceived Stress Scale (Escala de Percepção de Estresse) e um resultado maior indica maiores níveis de estresse.

A depressão (ou sintomatologia depressiva) foi mensurada pela Multidimensional State Boredom Scale (Escala de Tédio de Estado Multidimensional) e, assim como a escala do estresse, pontuações mais altas indicam maior sintomatologia depressiva.

Já o bem-estar foi avaliado pelo Mental Health Continuum Short Form (Formulário Curto de Saúde Mental) e foram levados em consideração fatores como o lado emocional, psicológico e social.

E quais foram os resultados?

Vamos a eles: a média de idade foi de 36,9 anos. 14,6% viviam sozinhos, 20,8% com o pai e a mãe, 5,1% com pai ou mãe. Mais da metade (53,4%) trabalhavam todo o dia, 17,5% uma parte do dia, 23,2% estavam desempregados, 2,2% sob licença maternidade e 3,7% das pessoas estavam aposentadas.

De todo o público da pesquisa, 88% não foram infectados pelo Novo Coronavírus, 1,4% estavam infectadas e o resto das pessoas sentiam sintomas, mas não possuíam diagnóstico ainda.

Sei que seu tempo, amigo(a) leitor(a), é curto, então vamos ao que importa. Obrigado por chegar até aqui!

No quesito estresse, 33% alcançaram nível baixo de estresse, 55,9% chegaram ao nível médio e 11,1% chegaram a níveis altos de estresse.

Sobre a sintomatologia depressiva, 47,4% têm a sensação de estar perdendo o tempo, 32,4% têm sensação de tédio e 25,8% sentem dificuldade no fortalecimento psicológico.

Agora, falando sobre o bem-estar, 10,1% relatam terem perdido as forças, 50% com saúde mental intermediária e apenas 39,9% relatam melhora na saúde mental.

Apenas lembrando que esses números foram obtidos por meio de escalas, assim sendo, o número representa o escore obtido pela resposta de várias perguntas para um mesmo aspecto.

Quais são os fatores limitantes do estudo?

O autor cita quatro deles:

Primeiro: Por ser um estudo de corte transversal, a pesquisa considera o momento, e não uma faixa de tempo exatamente.
Segundo: Pode ser que haja um viés de resposta dos participantes (como negar a própria condição, creio eu).
Terceiro: A amostra de cada país não representa o todo dele.
Quarto: O nível e rigidez dos "lockdowns" varia de nação para nação e, por isso, possuem impactos distintos.


Esse foi um estudo que nos mostrou uma realidade aflitiva: além do gigantesco fardo gerado pela pandemia, o grande desafio de saúde pública, que são as doenças psiquiátricas, afetam não apenas a qualidade de vida das pessoas, mas exigirão cada vez mais que o sistema de saúde comece a pensar em uma abordagem mais eficiente, prática e acolhedora a essas pessoas para além dos limites do término da pandemia do Novo Coronavírus.

Amigo(a) leitor(a), recomendo que leia o artigo na íntegra, apesar de suas limitações citadas, ele contribui para compreendermos a atual gravidade do declínio da saúde mental pelo mundo. 

 

Use máscara, álcool gel, previna-se e fique longe de aglomerações e fake news! Até breve!

 


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Referências

Gloster AT, Lamnisos D, Lubenko J. Impact of COVID-19 pandemic on mental health: An international study. PLoS One. 2020;15(12):e0244809.

doi: doi.org/10.1371/journal.pone.0244809


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