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Saúde Mental na Juventude e Risco Cardíaco no Futuro

Saúde Mental na Juventude e Risco Cardíaco no Futuro
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abr. 2 - 4 min de leitura
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Um estudo apresentado durante a Sessão Científica Anual do Colégio Americano de Cardiologia aponta para uma correlação significativa entre condições de saúde mental, como ansiedade e depressão, e o aumento do risco de desenvolver fatores de risco cardiovascular em mulheres jovens e de meia-idade. Esta pesquisa destaca a importância de reconsiderar a percepção tradicional de que as mulheres mais jovens possuem baixo risco de doenças cardíacas, especialmente aquelas que sofrem de certas condições de saúde mental.

Historicamente, mulheres mais jovens são consideradas um grupo de baixo risco para doenças cardiovasculares, graças aos efeitos protetores do estrogênio. No entanto, os resultados deste estudo sugerem uma necessidade urgente de revisão dessa suposição. Os pesquisadores observaram que mulheres jovens com ansiedade ou depressão apresentam quase o dobro de probabilidade de desenvolver pressão alta, colesterol alto ou diabetes num período de 10 anos em comparação com mulheres que não sofrem dessas condições de saúde mental, equiparando-se assim ao risco de homens da mesma faixa etária.

Esta descoberta é particularmente relevante no contexto atual, onde os índices de fatores de risco cardiovascular estão aumentando e os ataques cardíacos se tornam mais comuns entre os mais jovens. Além disso, ansiedade e depressão tornaram-se mais prevalentes nos últimos anos, especialmente após a pandemia da COVID-19, sublinhando a necessidade de rastreio cardiovascular e cuidados preventivos para este grupo tradicionalmente considerado de baixo risco.

O estudo, divulgado em Science Daily em 28 de março de 2024, analisou os registros de saúde de 71.214 participantes do Biobanco Mass General Brigham, excluindo aqueles que já possuíam doenças cardíacas ou foram diagnosticados com ansiedade, ou depressão após o início do estudo. Durante o acompanhamento de 10 anos, 38% dos participantes desenvolveram pressão alta, colesterol alto e/ou diabetes. Aqueles com histórico de ansiedade ou depressão antes do período do estudo tiveram cerca de 55% mais chances de desenvolver um, ou mais desses fatores de risco em comparação com pessoas sem essas condições de saúde mental.

A pesquisa revelou que, em termos de risco absoluto, as mulheres jovens, em geral, mostraram as menores taxas de fatores de risco cardiovascular, o que era esperado com base em estudos anteriores e no conhecimento dos efeitos protetores do estrogênio em mulheres em período de pré-menopausa. No entanto, a ansiedade e depressão estavam associadas a um risco relativo muito mais alto entre as mulheres jovens do que nos outros grupos estudados.

Para investigar os potenciais mecanismos por trás dessa relação, os pesquisadores examinaram a atividade metabólica de regiões cerebrais relacionadas ao estresse em um subconjunto de participantes que passaram por exames de cérebro. Os resultados indicaram que mulheres jovens com ansiedade ou depressão mostraram aumentos relativamente grandes na atividade neural relacionada ao estresse.

Embora ansiedade e depressão sejam condições separadas, elas foram agrupadas no estudo devido à sua associação com o aumento do risco cardiovascular e por compartilharem vias neurobiológicas comuns, sugerindo que elas afetam a saúde de maneiras similares.

Ainda é desconhecido se o tratamento da saúde mental, como medicações antidepressivas ou psicoterapia, poderia ajudar a reduzir o risco cardiovascular. Contudo, uma vez diagnosticados com pressão alta, colesterol alto ou diabetes, existem tratamentos bem estabelecidos, como estatinas e medicamentos para baixar a pressão arterial, que podem efetivamente reduzir o risco de eventos cardíacos graves.

Este estudo reforça a necessidade crítica de um rastreio cardiovascular mais atento e cuidados preventivos para mulheres jovens com ansiedade ou depressão, desafiando a percepção de que este grupo está 'seguro' contra doenças cardiovasculares e chamando atenção para a complexa interação entre saúde mental e física.


Referência:

American College of Cardiology. "For younger women, mental health now may predict heart health later." ScienceDaily. ScienceDaily, 28 March 2024. <www.sciencedaily.com/releases/2024/03/240328111040.htm>.


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