Academia Médica
Academia Médica
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
loading
VOLTAR

Segunda Guerra Mundial: estudo busca entender por que mulheres deixavam de menstruar após chegada em campos de concentração

Segunda Guerra Mundial: estudo busca entender por que mulheres deixavam de menstruar após chegada em campos de concentração
Academia Médica
set. 21 - 2 min de leitura
000

Artigo publicado na Social Science & Medicine, assinado pela psicóloga e sexóloga canadense Peggy J. Kleinplatz, da Faculdade de Medicina da Universidade de Ottawa, tenta entender por que cerca de 98% das mulheres presas em campos de concentração nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, paravam de menstruar logo após chegarem aos locais.

Segundo a autora, a amnorreia repentina das prisioneiras era muito uniforme para ser explicada apenas por trauma e desnutrição. No artigo, com base em evidências históricas e testemunhos de sobreviventes, ela levanta a suspeita de que esteroides sintéticos eram administrados na alimentação diária fornecida às mulheres cativas, provavelmente na tentativa de prejudicar sua capacidade de ter filhos.  

De 2018 a 2021, Kleinplatz realizou uma série de entrevistas e obteve 93 depoimentos de mulheres que passaram pelo Holocausto (com idade média de 92,5 anos) e seus descendentes. A autora constatou que muitas das sobreviventes suspeitavam que algo era colocado em suas rações alimentares para que parassem de menstruar. Uma das entrevistadas, que havia trabalhado na cozinha de Auschwitz, descreveu que pacotes de produtos químicos eram levados ao local diariamente sob guarda armada e dissolvidos em sopas com as quais as cativas eram alimentadas.

A medida teria gerado consequências a longo prazo às sobreviventes. De acordo com a autora, após deixarem os campos, muitas das entrevistadas disseram que foram incapazes de conceber ou levar a termo alguma gestação. De 197 gestações confirmadas, pelo menos 48 (24,4%) terminaram em abortos espontâneos e 13 (6,6%) em natimortos.

O estudo relata que os esteroides sexuais existiam em abundância na Alemanha durante a Segunda Guerra. Conforme a publicação, esteroides sexuais exógenos foram sintetizados e fabricados pela primeira vez em Berlim em 1933 e estavam disponíveis como medicamentos de venda livre.  Evidências no julgamento de crimes de guerra em Nuremberg também teriam demonstrado que os nazistas buscavam métodos de esterilização em massa de mulheres judias.

O Holocausto matou cerca de seis milhões de judeus.

Referência

Peggy J. Kleinplatz et al, Women's experiences of infertility after the Holocaust, Social Science & Medicine (2022). DOI: 10.1016/j.socscimed.2022.115250



Denunciar publicação
    000

    Indicados para você