Gestores e farmacêuticos sugerem que a percepção de usuários de fragilidades na relação farmacêutico-paciente dentro da Atenção Primária à Saúde (APS) estão relacionadas a infraestrutura física inadequada das farmácias, sobrecarga de trabalho, falta de reconhecimento e desvalorização dos farmacêuticos, além de falta de interação dentro da equipe da APS, alta rotatividade de farmacêuticos e falta de priorização por parte administração.
Esses resultados foram observados por Manuela Martins Cruz e equipe, e estão presente nos estudo Serviços farmacêuticos na atenção primária à saúde: insatisfação entre usuários, gestores e farmacêuticos, publicado no periódico Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas.
Manuela e equipe defendem que esse campo apresenta fragilidades estruturais e organizacionais que requerem mudanças.
Para avaliar os indicadores de desempenho dos serviços farmacêuticos na APS, avaliou-se o nível de satisfação com os serviços de farmácia entre os usuários e as impressões dos gestores/farmacêuticos em relação aos achados.
O estudo utilizou métodos mistos, incluindo um estudo retrospectivo e descritivo de indicadores de desempenho, um estudo observacional sobre o nível de satisfação e um estudo qualitativo de percepção dos usuários dos serviços de farmácia nas Unidades de Saúde.
Alguns dos achados:
- Apenas 44,4% das farmácias tinham farmacêutico a tempo inteiro
- Dos estabelecimentos visitados, 5,3% não possuíam ambiente climatizado
- Apenas 33,3% dos itens essenciais aos critérios de Boas Práticas de Armazenamento de Medicamentos e Suprimentos foram atendidos
- Embora 77. 9% dos medicamentos prescritos foram dispensados, não foi atingido o padrão de 80%
Por meio da avaliação de questionário, foi possível observar que as variáveis relacionadas à assistência farmacêutica apresentaram escores baixos em relação aos demais domínios, evidenciando a fragilidade da relação farmacêutico-paciente na percepção dos usuários.
Fonte
CRUZ, Manuela Martins et al. Serviços farmacêuticos na atenção primária à saúde: insatisfação entre usuários, gestores e farmacêuticos. Braz. J. Farmácia. Sci. , São Paulo , v. 58, e18849, 2022 . Disponível em <http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-82502022000100508&lng=en&nrm=iso>. acesso em 26 de maio de 2022. Epub em 21 de fevereiro de 2022. https://doi.org/10.1590/s2175-97902020000318849 .