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Slow ou Fast, afinal qual medicina é melhor para o PS?

Slow ou Fast, afinal qual medicina é melhor para o PS?
Carlos Sperandio
set. 16 - 2 min de leitura
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Um movimento que ganha mais força nos corredores hospitalares e consultórios médicos é o Slow Medicine. O princípio é lindo. Tratemos as pessoas com toda a atenção que ela merece, sem pressa, escutando com atenção e entendendo a contextualização do adoecer naquele momento de vida do paciente.

Filosofia essa que não é novidade alguma para quem fez residências de medicina de família ou geriatria, pois toda a metodologia de trabalho sempre se embasa na escuta. Ouvir acolhendo, entendendo, empatizando, modificando desfecho só por ouvir. Ah, isso sim é lindo demais.

Sou forte defensor do movimento.

Só que não em todos os cenários.

No Pronto Socorro, embora existam casos de somatização que necessitam de muito ouvido, médicos bem treinados em condução de anamnese rendem mais em entrevistas dirigidas do que ao deixar o doente falar livremente. É alto o risco de se perder um tempo precioso em ambiente que necessita de identificação precisa da etiologia e proposição da correta terapêutica.

Dominar a arte de interromper sem ser grosseiro, construir hipóteses arguindo com precisão deveria ser um construto contínuo do nosso método. Salta aos olhos ver um bom médico exercendo com sabedoria seu raciocínio clínico. Ganha-ganha puro. Há grande economia de custos por ser ele, o médico, a principal válvula motriz do sistema. Menos exames, maior atenção, diagnóstico correto.

Que sonho se todos entendessem isso. Hoje, os médicos do PS se dedicam a resolver o problema dele médico e não do paciente. Ele ganha por consulta ou, quando por hora, é pressionado pela demanda. Precisa ser rápido. E - como não pode pensar por não ter método para fazer isso efetivamente - acaba sobrecarregando o sistema com vários exames mal indicados e custosos com objetivo de se defender juridicamente de processos que só surgem, justamente, pela falta de tempo para se dedicar ao doente e sua queixa.

Afinal, slow ou fast?

No PS eu diria modelo híbrido. Precisamos do método slow no ambiente fast. Somente com muito treinamento e habilidade clínica conseguiremos evoluir nos modelos de atendimento atual. E, em paralelo, muita slow medicine em todos os outros cenários, promovendo saúde ao identificar os riscos e prevenindo desfechos previsíveis - desafogando o ambiente de urgência-emergência.

 

Artigo originalmente publicado no LinkedIn - https://goo.gl/ugy3fn


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