Em janeiro de 2019 a revista Lancet publicou o primeiro relatório científico da sua comissão sobre alimentação - EAT Commission on Food, Planet, Health - trazendo um painel com a importância da alimentação tanto para o indivíduo, quanto para a sustentabilidade mundial.
Essa comissão é composta por 19 cientistas de diversos países, que não recebem nenhum valor por participarem desse grupo, sendo bancados apenas pelas suas instituições de origem. Possuem como Cientista Chefe Walter Willet, da Escola de Saúde Pública de Harvard. Para criação do relatório foram chamados 37 cientistas de 16 países, a fim de englobar diversas características locais relativas tanto à produção quanto aos hábitos alimentares tradicionais locais.
O conteúdo do relatório divide-se em 1 objetivo, 2 alvos e 5 estratégias.
O objetivo é proporcionar alimentação saudável e sustentável aos 10 bilhões de habitantes do planeta em 2050, cumprindo com as metas estabelecidas no Acordo de Paris pelas Nações Unidas. Essas metas levaram em consideração o aumento populacional, associado aos danos proporcionais causados ao meio ambiente e ao aumento dos quadros de desnutrição, bem como de doenças que podem ser prevenidas.
O 1º alvo diz respeito à alimentação saudável, baseada em grande diversidade de vegetais, pequenas quantidades de produtos de origem animal, gordura insaturada ao invés de saturada e quantidades limitadas de alimentos altamente processados, açúcar adicionado e grão refinados. Para tanto será necessário dobrar a quantidade ingerida atualmente de frutas, vegetais, legumes e castanhas, além de reduzir o consumo de carne vermelha. Porém, deve sempre ser levada em consideração a realidade local/regional para escolha do tipo de carne, bem como quantidades necessárias.
O 2º alvo é a produção alimentar sustentável, para qual foram selecionadas 6 variáveis passíveis de quantificação, para estabelecer metas dentro do limite de impacto no meio ambiente, levando-se em consideração o Acordo de Paris. São elas:
- Emissão de gases de efeito estufa
- Uso da água
- Uso de terras agrícolas
- Aplicação de nitrogênio e fósforo ao solo
- Taxa de extinção de biodiversidade
- Redução do desperdício e da perda de alimentos produzidos.
E finalmente as 5 estratégias são, resumidamente:
- Gerar comprometimento nacional e internacional com as mudanças alimentares, no sentido de aumentar a alimentação saudável;
- Reorientar as prioridades agriculturais de produzir grandes quantidades de alimentos para produzir alimentos mais saudáveis;
- Intensificar a produção de comida através da produção sustentável e de sistemas de inovação, visando produtos de melhor qualidade.
- Cuidado forte e coordenado das terras e dos mares, mantendo pelo menos 50% dos ecossistemas naturais intactos.
- Reduzir em pelo menos 50% as perdas e desperdícios de alimentos.
O relatório encerra estimando a prevenção de mais de 11 milhões de mortes por ano com a adoção dessas medidas. Mas reafirma serem medidas multissetoriais e multiníveis.
E você, o que acha de tudo isso? Estaria disposto a modificar seus hábitos alimentares em prol da sustentabilidade da sua saúde e do planeta Terra? Leia o relatório completo e opine!