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Sobre o tempo

Sobre o tempo
Crônicas de Anestesia
dez. 7 - 3 min de leitura
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Crônicas de Anestesia

Com o tempo a gente não briga mais. O tempo nos ensina apenas a olhar as coisas e se você desenvolver bem esta capacidade você aprende também a não julgar. Isto é difícil mas acontece. O tempo que escorre por entre nossos dedos, independente do que façamos ou do que desejamos. O tempo é infalível. Parece que teimosamente nunca estamos no tempo certo. Hora estamos muito no futuro. Hora estamos muito no passado. Isto não é bom. O tempo tenta nos ensinar que ele manda. Tudo que existe é agora e o escoar lento do tempo. Segundos, minutos, horas, semanas, meses e anos, gotejam sobre nós incessantemente. Ainda assim teimamos, esquecemos de lhe dar o devido valor. O tempo não pára já disse o poeta.

A vida segue neste embalo implacável. Nos carrega num rio, regado pelo tempo. Não olhamos atentamente. Sempre tentando nos antecipar ou nos arrepender do que já passou. E "quando” e “se”.  Vivemos nesta eterna condicional. O tempo segue impávido. Não existe "quando" e nem "se". O Rio segue o fluxo para sempre e desde sempre.

Vamos parar um pouco e olhar mais atentamente para este rio caudaloso que encerra as coisas e que simplesmente é o que é. Sem mas, sem talvez. Apenas é. Olhe para esta corrente e seus pequenos redemoinhos. Uma corrente que arrasta tudo. Que traz boas novas, que traz horas difíceis. O tempo é divino. O tempo é Deus. Ele simplesmente existe inexoravelmente.  No início de tudo, se é que houve um início, e no fim de tudo, se um dia houver um fim, ele ainda estará lá, tique-taque tique-taque sem pausa.

O nosso grande recreio da vida, a nossa infância é uma gotinha tão minúscula deste rio. A nossa vida adulta e a nossa sensação de um rio a acelerar, a nossa senescência e seus fios prateados são os reflexos como o sol batendo na superfície da água.

O rio do tempo é o prêmio em si mesmo. Ele é suficiente e nada mais faria sentido se assim não fosse. Ele é o fluxo que afasta as estrelas. Ele é a luz e a escuridão. O que poderíamos ter de mais valioso do que o tempo? Ele é o tecido cósmico, ele é o que chega e o que sai. As estações são as filhas queridas do tempo. Elas se repetem mesmo sendo tão diversas. Elas querem nos mostrar o que o tempo faz. Ele passa. Nós passamos e não há nada mais além disso. O despertar da semente, a gota de água que vira rio e que vira mar, as nuvens do Céu e tudo mais. 

Com o tempo a gente não briga mais com o próprio tempo, a gente valoriza cada segundo no exato instante dele passar. 


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