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Tratando apendicite com antibiótico

Tratando apendicite com antibiótico
Fernando Carbonieri
jun. 18 - 3 min de leitura
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Tratando apendicite com antibiótico

Pode parecer até uma heresia falar sobre este assunto, mas de fato, em casos muito específicos, o tratamento da apendicite com antibióticos já pode ser considerado.

***Para os não médicos que estão lendo este texto, ressaltamos que o estudo a seguir demonstra uma prática nova, e ainda não amplamente reconhecida como uma alternativa segura de tratamento!

A importância do assunto é dada pela crescente evidência do aceite do uso de antibióticos, ao invés da cirurgia, para o tratamento da apendicite aguda não complicada.

Isso é  assunto do editorial deste mês do Journal of American Medical Association - JAMA. Esta renomada publicação traz em seu conteúdo o artigo Antibiotic Therapy vs Appendectomy for Treatment of Uncomplicated Acute Appendicitis, que descreve um estudo randomizado em 530 pacientes diagnosticados com apendicite não complicada por tomografia computadorizada. Foram excluídos do estudo as gestantes, as crianças e os pacientes com apendicite complicada. O uso da TC é fator de inclusão dos pacientes no estudo, algo distante, ou talvez, não rotineiro da nossa prática.

O esquema terapêutico utilizado foi Ertapenem 1g/d por 3 dias, seguidos de 7 dias de 500mg de Levofloxacino por via oral, totalizando 10 dias de tratamento. Os pacientes foram seguidos por um ano após esta intervenção.

Foram comparados 257 pacientes tratados com o esquema terapêutico com 273 pacientes que sofreram intervenção cirúrgica. Entre os pacientes operados a solução foi satisfatória em 99,6% dos casos. No grupo do antibiótico, 70 pacientes necessitaram de uma apendectomia em um período inferior a 1 ano, enquanto os demais (186 - 72,7%) não necessitaram da intervenção cirúrgica.

Apesar de ter se mostrado 24% menos eficaz, o tratamento com antibioticoterapia não pode se mostrar inferior relativamente à cirurgia. Dos 70 pacientes que necessitaram de posterior intervenção cirúrgica, 58 apresentaram apendicite não complicada, 7 apresentaram apendicite aguda e 5 não apresentavam apendicite porém sofreram a intervenção para eliminar a recorrência. Não foi constatado abscesso abdominal ou outras complicações maiores devido ao "atraso" na cirurgia destes pacientes que foram tratados previamente com antibióticos.

O estudo conclui que entre os pacientes com apendicite não complicada comprovados por tomografia computadorizada , o tratamento com antibióticos não cumpre os critérios para não inferioridade  comparada com a apendicectomia. A maioria dos pacientes que foram tratados com antibióticos não requereram apendicectomia no período de um ano de seguimento, e aqueles que necessitaram não experimentaram complicações significativas.

Sabemos da complexidade do tema, e por isso mesmo gostaríamos da sua opinião sobre o assunto. Se tiver a experiência com o uso de ATB para apendicite, por favor, compartilhe conosco logo abaixo.

Material de apoio: Editorial do JAMA, Antibiotic Therapy vs Appendectomy for Treatment of Uncomplicated Acute Appendicitis


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