Um estudo clínico publicado em 08 de abril de 2025, em JAMA Network Open traz evidências de que a prática de yoga pode ser tão eficaz quanto os exercícios de fortalecimento muscular na melhora da dor e função em pacientes com osteoartrite de joelho. A pesquisa, conduzida na Austrália, evidencia sobre uma alternativa terapêutica segura e viável, especialmente interessante para pacientes que buscam uma abordagem mais holística para o manejo da condição.
Fonte: Abafita BJ, Singh A, Aitken D, et al., 2025
A osteoartrite de joelho é uma das doenças musculoesqueléticas que afeta mais de 595 milhões de pessoas globalmente. Só nos Estados Unidos, cerca de 51,8 milhões de adultos sofrem com a condição, enquanto na Austrália esse número gira em torno de 3,2 milhões. Caracterizada por dor articular crônica, limitação funcional e queda na qualidade de vida , a osteoartrite de joelho é um importante fator de incapacidade, especialmente entre idosos.
A terapia por exercício é unanimemente recomendada por diretrizes internacionais como tratamento de primeira linha. No entanto, há lacunas importantes no conhecimento quando se trata de comparar modalidades específicas de exercício, como o yoga e os programas tradicionais de fortalecimento muscular.
Neste estudo clínico randomizado, 117 adultos com osteoartrite de joelho foram acompanhados ao longo de 24 semanas, sendo divididos em dois grupos: um que praticou yoga, e outro que realizou exercícios de fortalecimento baseados em evidências.
Principais resultados do estudo:
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Dor no joelho: ambos os grupos apresentaram reduções clinicamente relevantes da dor após 12 semanas, com semelhança nos níveis de melhora. A análise estatística indicou não inferioridade do yoga em relação ao exercício de fortalecimento.
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Função física e qualidade de vida: ao final de 24 semanas, o grupo yoga apresentou melhores resultados em desfechos secundários, como:
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Escore WOMAC (dor, função e rigidez)
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Avaliação global do paciente
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Qualidade de vida relacionada à saúde
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Teste de caminhada rápida de 40 metros
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Saúde mental: o grupo que praticou yoga apresentou uma redução discreta mas significativa nos níveis de depressão após 12 semanas — um dado relevante, considerando a alta prevalência de comorbidades emocionais em pacientes com artrite de joelho.
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Adesão ao tratamento: o yoga teve maior adesão nas práticas domiciliares do que os exercícios de fortalecimento, o que pode explicar, em parte, os resultados superiores nos desfechos de médio prazo.
Diferente do exercício de fortalecimento que atua diretamente na estabilização da articulação via ganho muscular, o yoga oferece uma combinação de posturas físicas (ásanas), respiração consciente e atenção plena, que podem:
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Melhorar a flexibilidade e o equilíbrio;
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Reduzir o estresse e a percepção de dor;
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Promover maior consciência corporal e bem-estar emocional.
Esse conjunto de benefícios pode explicar os efeitos positivos tanto físicos quanto psicológicos observados no estudo.
Segurança e limitações
Ambas as intervenções foram consideradas seguras, com boa taxa de adesão e baixa incidência de eventos adversos. No entanto, o grupo yoga teve ligeiramente mais eventos adversos, como pequenas quedas — em geral não relacionadas diretamente à intervenção.
Entre as limitações do estudo estão:
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Amostra menor que a planejada originalmente (117 em vez de 126 participantes), devido à pandemia de COVID-19.
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Participantes recrutados em apenas um estado australiano, o que pode limitar a generalização global dos resultados.
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O estudo não investigou os efeitos além de 24 semanas, sugerindo a necessidade de pesquisas futuras para avaliar a sustentabilidade dos benefícios a longo prazo.
Implicações clínicas
Os resultados deste ensaio reforçam que o yoga pode ser incorporado como uma alternativa terapêutica válida para o tratamento da osteoartrite de joelho, com eficácia comparável aos exercícios de fortalecimento muscular tradicionais. Além disso, a abordagem mais holística do yoga pode beneficiar pacientes com limitações físicas ou resistência ao exercício convencional, além de atuar sobre sintomas emocionais frequentemente negligenciados.
Essas evidências ampliam as possibilidades de intervenção, promovendo o cuidado centrado no paciente e a escolha informada sobre os diferentes caminhos possíveis no manejo da osteoartrite.
Referência:
Abafita BJ, Singh A, Aitken D, et al. Yoga or Strengthening Exercise for Knee Osteoarthritis: A Randomized Clinical Trial. JAMA Netw Open. 2025;8(4):e253698. doi:10.1001/jamanetworkopen.2025.3698