Um estudo publicado no The Lancet Diabetes & Endocrinology no dia 21 de março de 2022 revela que pessoas infectadas com COVID-19 possuem mais chances de desenvolver diabetes tipo 2 em até 1 ano após a infecção. Ou seja, a diabetes é uma das sequelas pós-agudas de COVID-19 — a chamada COVID longa que pode se manifestar em complicações pulmonares e extrapulmonares, problemas cardíacos e outras condições de saúde.
Ao longo do texto, você verá:
Método da pesquisa;
Principais resultados e riscos da COVID-19 longa.
Método da pesquisa
As sequelas decorrentes da infecção do coronavírus são objeto de estudo de mais de um cientista. Porém, os riscos do diabetes na fase pós-aguda da COVID ainda estão sendo investigados. Para entender a relação entre diabetes e coronavírus, pesquisadores americanos fizeram um estudo de coorte com 181.280 participantes entre 1º de março de 2020 e 30 de setembro de 2021 que sobreviveram aos primeiros 30 dias da infecção.
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Os cientistas utilizaram bancos de dados nacionais do Departamento de Assuntos de Veteranos dos EUA para compor a corte e dividiram os participantes em dois grupos de controle e uma coorte de pacientes não infectados por covid-19. Os participantes foram acompanhados por 352 dias e antes da entrada na coorte não tinham diabetes.
Foram realizadas análises de sobrevida ponderadas por probabilidade inversa (incluindo variáveis de alta dimensão predefinidas e selecionadas por algoritmos) para compreender os riscos pós-agudos de COVID-19 de diabetes incidente, uso de anti-hiperglicêmicos e um misto dos dois resultados. Foram priorizadas duas medidas de risco: taxa de risco (HR) e carga por 1.000 pessoas em 12 meses.
Antes do estudo, os cientistas levantaram características demográficas e de saúde de controle histórico dos grupos que fizeram parte do estudo. A pesquisa foi aprovada pelo VA St. Louis Health Care System Institucional Review Board.
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Resultados da pesquisa
Resumidamente, os pesquisadores concluíram que sobreviventes de COVID-19 possuem mais riscos e chances de desenvolver diabetes na fase pós-aguda. Os riscos são significativos entre pessoas que foram hospitalizadas ou não, e aumentam conforme o cenário da fase aguda da infecção. A classificação do diabetes foi definida com base nos códigos da CID-10 e o uso de anti-hiperglicêmicos com base na prescrição de remédios para a doença por mais de um mês.
A carga excessiva do diabetes entre pessoas não hospitalizadas foi de 8,28 por 1000 pessoas em 12 meses e, além das evidências desta pesquisa, os estudiosos sobre o assunto alertam que diante do número crescente de pessoas com COVID-19, é muito importante que os órgãos governamentais e sistemas de saúde estejam preparados para rastrear e gerenciar as sequelas do vírus e que devem ser elaboradas estratégias de cuidado e atenção com o diabetes.
Referência
XIE, Yan; AL-ALY, Ziyad. Risks and burdens of incident diabetes in long COVID: a cohort study. The Lancet Diabetes & Endocrinology, 2022.Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/landia/article/PIIS2213-8587(22)00044-4/fulltext#%20. Acesso em 23 de março de 2022.