Muito pouco se sabe sobre o que a tecnologia vai fazer com a medicina e o que a medicina vai fazer com a tecnologia. O que conhecemos como telemedicina hoje ainda é apenas uma espiada sobre um futuro que está se moldando.
De um lado são médicos que ainda estão aprendendo a incorporar a metodologia ao seu ato médico. De outro temos a perspectiva de que grandes corporações e grandes empresas que estão pulando para dentro do mercado de saúde para, agora, dominar o serviço de atenção à saúde e automatizá-lo ao máximo, ganhando muito dinheiro as custas do médico. Não quero discutir esse dualismo neste texto ainda. Hoje a pauta é mais humana e bioética.
A telemedicina como estamos vendo é apenas um o início de uma série de acontecimentos que vão mudar a medicina e a relação médico paciente para sempre. Inteligência artificial nutrida por bigdata e smalldata, a fim de diagnosticar e tratar seres humanos, nutridos pela sua autonomia e auto-cuidado, vão surgir em grande quantidade nos próximos anos.
Como médico, bioeticista, empreendedor e estudioso da telemedicina já há 8 anos, tento olhar para as tecnologias ao longo do tempo e, assim, entender o impacto que elas tiveram sobre a prática médica e como vão mudar a prática no futuro.
São muitas visões possíveis para o nosso futuro (parece até aqueles filmes da Marvel com realidades alternativas) e, acredite, todas elas são possíveis. Uma das visões que quero compartilhar é a do curta metragem criado para o Dia do Médico nos Estados Unidos (3 de março) "Instant Doctor". Com a direção do Brasileiro Diogo Gameiro e produção da agência de Nova York The Youth, o curta foi premiado em vários cantos do mundo por apresentar um desses futuros possíveis.
Se você quiser pular o meu bla-bla-bla, vá para o fim do post para assistir o filme
Cabine de Telemedicina - acesso ou irresponsabilidade
Ao começar pela cabine de teleatendimento. Uma realidade na china e na índia, as cabines de teleatendimento podem ser uma realidade também aqui no Brasil. Arquitetado para dar acesso mínimo à saúde, essas cabines servirão o sistema privado e tem a possibilidade de "atender" a necessidade das pessoas que sempre estão correndo.
Para entender essa lógica, repare que nos grandes centros, clínicas estão se multiplicando nos locais de alto fluxo de pessoas (estações de metrô, shoppings e, por que não, centros de entretenimento). Levar atendimento médico aos locais onde as pessoas passam é uma tendência mundial, também vista aqui no Brasil. A diferença agora é que muitos desses centros não terão o médico presente fisicamente. Assim como é na China, onde algumas das maiores empresas do mundo já oferecem cabines de atendimento por telemedicina para quem deseja/precisa.
Telemedicina automatizada - Leitura instantânea de dados antropométricos e "raciocínio clínico:
Como preconizado pelo Star Wars, Star Trek ou qualquer filme sci-fy, o Instant doctor não fica atrás. A cabine dotada de inteligência artificial e leitura dos dados antropométricos é capaz também de fazer diagnósticos e propor tratamentos. A discussão bioética sobre essas questões espero ter com vocês nos comentários ao fim deste texto.
Telemedicina e existencialismo - A desesperança da frieza tecnológica:
Digno de Kierkegard e Sartre o existencialismo é muito bem caracterizado nessa obra da The Youth. Claro que podemos afirmar que a inovação proposta para o filme não é dotada de condição humana, mas cabe uma reflexão. Será que sempre, ao atendermos um paciente e fornecermos um diagnóstico, nos damos conta sobre a condição humana dele? Como é o seu acolhimento? Como está sendo o acolhimento proposto pelos nossos colegas médicos? Como será o acolhimento ao enfermo nesse futuro próximo que está sendo criado
São perguntas como essas que quero trazer para a discussão aqui nesse texto e em nosso primeiro Academia Médica Week, que irá ter como tema central a Telemedicina e o como podemos entender o caótico momento de transformação da entrega do cuidado ao paciente.
Assista ao filme de 7 minutos que provocou essas reflexões que trago a vocês, se inscreva no Academia Médica Week e comente logo abaixo sobre as sensações que este filme provocou em você, membro da comunidade Academia Médica
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