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3 anos da saúde de governo Bolsonaro e ai?

3 anos da saúde de governo Bolsonaro e ai?
Henri Hajime Sato
jul. 8 - 7 min de leitura
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Há uns 3 anos eu escrevi sobre o que foi oferecido da eleição governo Jair Bolsonaro na presidência da república.

Evitarei tons pessoais como fiz no artigo anterior porque de opinião assim a internet esta cheia. Vou colocar os fatos e você tire suas conclusões.

De início tudo o que foi prometido parecia ser a favor da classe médica e da saúde.

Uma proposta mais liberal em saúde, economia, o rompimento de uma filosofia pseudofoucaultiana do governo anterior com os representantes de usar médicos como arma política descartável e a tão sonhada carreira de Estado começaram a ter perspectiva.

A alguns atrasos até compreensíveis isso começava a tomar forma com reformas e novos programas do governo federal. Senti até otimismo com as eleições do CRM do meu estado.

Porém já de início governo já mostrava sinais de que não faria tudo o que quer por brigas no congresso e ingerências em alguns ministérios em destaque a educação e das relações exteriores.

Paciência, nada é perfeito.

Tudo isso totalmente justificável até então, em um país democrático não se consegue tudo na base do grito.

O detalhe que da perspectiva até a ação existe um gap chamado "situação" e esse é o grande ponto da questão.

Para quem não se escondeu atrás de uma mesa de diretoria, ou em alguma fazenda no interior em 2019 para 2020 o mundo presencia uma pandemia que junto com uma sociedade cada vez mais conectada causou um verdadeiro estado de guerra que não se via desde a segunda guerra mundial.

De uma hora para outra TODOS os médicos ativos se viram na linha de frente, seja encarando em pronto socorro uma doença desconhecida ou tentando desafogar o já caótico sistema de saúde que nos encontramos desde sempre.

"Covid está ai mas depressão, dengue, câncer ou diabetes não tiraram férias por causa disso"

Em virtude disso e em alguns percalços políticos as posturas de governo foram pelos números um verdadeiro desastre.

Para começar na área política prefeitos, governadores, o presidente e até a oposição de esquerda(conhecida por ter uma pauta "social" forte) adotaram atos questionáveis e inclusive o governador do Rio de Janeiro, um dos maiores estados do país, foi deposto por suposta licitação fraudulenta no combate a pandemia.

O ministério da economia que prometia um governo liberal consertando antigos paradigmas como a previdência, a dívida pública, e o sistema tributário viu-se em uma situação complicada de manejar os cofres públicos para enviar dinheiro à saúde e evitar a morte por outras causas como a fome e as doenças que mencionei acima.

Todas as gestões dos ministério da saúde(que foram: Mandetta, Teich, Pazzuelo e Queiroga) estão sendo investigadas pelo parlamento no momento que escrevo esse artigo seja por interesse político, seja por atuação verdadeiramente questionável retrospectiva ao atraso da vacina e os conflitos de ordem do ministério, presidência, estados e municípios.

No ministério da saúde tudo acabou virando ao meu ver uma grande agência de burocracia, num tempo de guerra, todos trabalhando com prazos a perder de vista, intermediários até inúteis como as apreciações de prazo de vacinação com a confusão de estados e municípios e ainda jogadas políticas para sobrevivência de grupos e desculpas mal dadas.

Tudo que aconteceu no ministério da saúde pode ser representado naquele desastroso coquetel anticovid (cloroquina, ivermectina e azitromicina) que foi aplicado sem nenhum controle científico e a medida que se mostrava ineficaz, graças a opiniões e omissões de representantes abriu um precedente perigoso sobre a autonomia do ato médico.

As posturas de representação de nossos lideres também foram extremamente questionáveis, um presidente que deveria ser o exemplo para nação ficou relutante em se vacinar assim que ele entrou no grupo de vacinação e as vacinas se mostraram eficazes.

Alias o que foi um grande tropeço do governo, médicos ativos ficaram sem vacina por causa de decisões questionáveis como cidades como São Paulo(o epicentro da covid) enquanto outras vacinavam até terapeuta holístico

O governador do maior estado do país que acertou em investir em vacinação no início, mas que tropeçou fazendo marketing. (Lembrando que o governador de São Paulo João Doria se mostrou vacinando com a coronavac em um tempo que doses entraram em falta e sua viagem de negócios no final de dezembro de 2020 fechando o estado e indo a Miami, uma cidade americana que adotou posturas mais flexíveis e aparentemente mais eficazes que São Paulo)

Uma oposição de uma esquerda que se aparenta inerte com traços da filosofia "quanto pior melhor" somente com belos discursos inflamados, mas com uma eficácia questionável, além de seus grupos de interesse que não era a população. O famoso "todo mundo é igual, mas eu posso e você não"

Uma diplomacia brasileira que em tempos antigos da segunda guerra conseguiu tudo dos EUA e dos Alemães como siderúrgicas, aeroportos e bases militares conseguiu não se beneficiar nem com a China, nem com os EUA e ainda conseguiu ter turbulências diplomáticas com a Índia, a maior fornecedora de insumos de vacina.(o tema inteligência e diplomacia na saúde é importantíssimo e você pode ler meu artigo clicando aqui)

Esse gap do Covid muitos podem dizer que é uma situação pontual como "ah o presidente não conseguiu trabalhar por causa da pandemia", acho que esse argumento pode ser válido, então usarei o título de um jornal japonês que foi usado como filosofia, após o terremoto de Kobe que até então o que mais destruiu o país.

"É no período de crise que se revela o caráter de uma nação"

E se posso colocar uma opinião no que eu acho após aquele artigo de 2018 hoje da postura do governo, dos representantes dos médicos e dos médicos eu deixo a frase acima.

Não conseguimos melhorar os impostos, empregos foram perdidos, contratos de trabalho suspensos, não conseguimos uma vacina em fase 4 a tempo(as estatísticas mais cruas dizem que o brasil só alcança os 70% no ritmo de vacina atual em 1 ano), uma oportunidade de desenvolvermos ciência foi perdida, muita gente morreu(seja por Covid ou por não ter conseguido serviço de saúde adequado por causa da lotação pelo Covid), não conseguimos a carreira de Estado em um momentos que os médicos mais precisavam de condições dignas de trabalho.

Pior, vivemos na incerteza de tudo, porque quem esta tanto no poder e os demais que estão no alto das pesquisas, são burocratas e burocratas gostam de burocracia e não da vida.

Esses são os fatos e no final uma opinião, se estou errado por favor, me corrijam.

PS: Não deixo isso na opinião de "bolsominion arrependido", isentão ou alguma tarja política assim como muito médico faz, o que fiz foi somente uma retrospectiva. 

Espero que as coisas melhorem

 


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