Em uma das reuniões semanais do nosso Alpha Squad - time de acadêmicos de medicina de diversas regiões do Brasil que escrevem aqui na Comunidade da Academia Médica - tivemos a honra de receber uma convidada muito especial, a Dra. Milena Gurgel Teles Bezerra, Médica Consultora em Endocrinologia e Diabetes do Fleury Medicina e Saúde. A Dra. Milena é dona de um currículo impressionante e uma trajetória de vida singular.
Foi uma conversa muito interessante que nos trouxe percepções de carreira, futuro, organização, produtividade e, sobretudo, experiência de vida. Ela compartilhou muitas vivências, sanou dúvidas, medos e ansiedades de muitos de nós, mas principalmente, nos tocou com sua produtividade, força de vontade e humanidade.
Durante nosso diálogo, ela enfatizou a importância do inglês na nossa profissão, e eu, como não domino o idioma com plenitude, mesmo na faculdade já sinto os malefícios desse desconhecimento.
Os artigos publicados em fontes seguras como o The Lancet, PubMed, Jama e New England, entre outros, possuem vasta quantidade e variedade de artigos, e a maioria desses, em inglês.
Nos meus estudos, isso reflete em despender várias horas de tradução, a fim de agregar um conhecimento atualizado, de cunho científico e de fonte segura. Mesmo com esse empenho em traduzir, muitas vezes a compreensão torna-se difícil, visto que muitas palavras em inglês, ao serem traduzidas para o português perdem totalmente o sentido.
Além disso, o sentimento de frustração me acompanha, pois acabo não entendendo e não aproveitando todo o conteúdo do artigo. Algumas vezes acabo me limitando a materiais em português, não abrangendo tudo que eu realmente queria.
Aprender o inglês atualmente é essencial, pois gera um currículo com um grande diferencial. Esse fato abrange desde escrever tópicos em inglês para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), até oportunidades de intercâmbios internacionais disponibilizados pela faculdade, bem como possibilidades de estágios e empregos fora do país, além, claro, da participação em congressos internacionais.
As possibilidades são as mais diversas, podendo refletir na qualidade do profissional do amanhã, algo que eu prezo e anseio muito em ser: uma médica atualizada que utiliza todo o conhecimento em prol de um atendimento qualificado para ajudar meu paciente. Além de poder disputar ofertas de emprego ou estágios internacionais, visto que, além de saber ler em inglês, falar fluentemente é um grande diferencial no momento de uma contratação, por exemplo.
Contextualizando
Distribuídos em 6 continentes, somos atualmente mais de 7,594 bilhões de pessoas [2] e desde sempre o mundo precisou de uma língua em comum, como já foram o latim e o francês. O passado e a evolução da oficialização da língua inglesa tem seu início nos séculos XVI e XVII, época em que o francês predominava. Mas ao final do século XIX, a Inglaterra atingiu o auge do imperialismo e isso fez com que a língua inglesa fosse difundida [3].
Na década de 1950, o inglês alcançou um status que outrora era inimaginável, tornando-se necessário para entender qualquer situação internacional [4]. Além disso, vivemos em um mundo globalizado, que nos possibilita ter contato com as mais diferentes culturas. E tudo isso é viável, graças a um idioma em comum.
Enfim, a importância desse segundo idioma para estudantes e profissionais da área da saúde reflete em qualidade de informação e, assim, em condutas mais eficientes. Um exemplo disso foi uma pesquisa que fiz nas plataformas de pesquisa já citadas. Ao pesquisar “COVID-19” me deparei com uma imensa quantia de artigos na língua inglesa, porém ao selecionar a opção em português, o resultado das buscas caiu drasticamente.
Vantagens e possibilidades
É claro que, infelizmente, a pesquisa e a ciência no Brasil são pouco valorizadas, mas a informação e o conhecimento devem ser sempre buscados. É necessário um investimento maior em pesquisas, bem como a valorização dos profissionais nacionais que possuem uma gama de conhecimento. Porém, com os frequentes cortes de verbas fica mais difícil, não é mesmo?
Não é uma questão de desvalorizar nosso país, ou valorizar a cultura americana ou inglesa. A questão é que o panorama mundial é este. Temos mais estudos e pesquisas internacionais que possuem evidência cientifica na maioria delas, graças à valorização e os altos investimentos sob esses profissionais.
Então, se você, assim como eu, não sabe ler, escrever e falar em inglês pode aproveitar a quarentena para começar a estudar! Hoje em dia há várias possibilidades online, como cursos e aplicativos.
Nunca é tarde para começar a aprender um novo idioma. Tenham isso como um passatempo intelectual que trará benefícios para sua formação acadêmica, atualização e para a vida profissional também!
"Aprender sem motivação é algo totalmente ilusório. Estar motivado nos auxilia a querer aprender e a buscar conhecimento. Portanto, proporcionar atividades que auxiliem na motivação extrínseca para que a intrínseca possa surgir é fundamental. Isso permitirá que o aluno busque por si próprio o conhecimento e tenha um aprendizado prazeroso e verdadeiro" [5].
Referências
- O INGLÊS NA VIDA ACADÊMICA. São Judas Campus Unimonte. Disponível em: <https://www.unimonte.br/blog/entenda-a-importancia-do-ingles-para-a-vida-academica/>. Acesso em: 11/04/2020.
- WORLD DEVELOPMENT INDICATORS. The World Bank. Disponível em: <http://datatopics.worldbank.org/world-development-indicators/>. Acesso em: 11/04/2020
- PEIXOTO, Roberta Pereira. INGLÊS COMO LÍNGUA DO MUNDO: UM OLHAR SOBRE A ESCOLA PÚBLICA BAIANA.
- PEIXOTO, Roberta Pereira; SIQUEIRA, Domingos Sávio Pimentel. INGLÊS COMO LÍNGUA FRANCA: BREVE PANORAMA DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DE UM CAMPO DE ESTUDOS PLENAMENTE CONSOLIDADO. Polifonia, v. 26, n. 43, p. 209-234, 2019.
- Hirano, A. R. (2012) Motivação Como Ferramenta no Aprendizado da Língua Inglesa. Medianeira
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