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Avaliação da metformina como tratamento inicial para diabetes gestacional

Avaliação da metformina como tratamento inicial para diabetes gestacional
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out. 5 - 4 min de leitura
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  • A diabetes mellitus gestacional manifesta-se durante a gravidez como intolerância a carboidratos, afetando quase 3 milhões de gestações anualmente, especialmente em países de baixa e média renda.
  • A condição está associada a complicações maternas, incluindo ganho de peso excessivo e pré-eclâmpsia.
  • Os neonatos podem enfrentar riscos como internações em unidades de terapia intensiva neonatal.
  • A longo prazo, amplia-se o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 para mãe e filho.

Fonte:  JAMA. doi:10.1001/jama.2023.19869

Neste cenário, um estudo clínico randomizado publicado na revista JAMA em 03 de outubro de 2023 examinou a eficácia da introdução imediata da metformina após o diagnóstico de diabete gestacional. Embora as expectativas fossem altas, os dados revelaram que a metformina não conseguiu superar o placebo no desfecho primário, que era uma combinação da necessidade de iniciar insulina ou de alcançar um nível de glicose no sangue em jejum de 5,1 mmol/L ou superior nas semanas gestacionais 32 ou 38.

Na Figura abaixo, é possível observar o comparativo entre os grupos de metformina e placebo em relação ao tempo até a iniciação da insulina e aos níveis de glicose no sangue em jejum.

Fonte:  JAMA. doi:10.1001/jama.2023.19869

No entanto, é crucial destacar alguns resultados secundários do estudo, os quais apresentaram tendências promissoras. Um dos achados mais notáveis foi a capacidade da metformina de moderar o ganho de peso nas gestantes. Isso é relevante, considerando que o controle do peso durante a gravidez pode reduzir complicações como pré-eclâmpsia e necessidade de cesariana.

A metformina também foi eficiente em reduzir a proporção de neonatos classificados como grandes para sua idade gestacional. Esta é uma descoberta significativa, pois tais neonatos têm maior risco de desenvolver condições como diabetes e obesidade na vida adulta.

Nas figuras abaixo, são expressos, respectivamente, os resultados maternos das mães participantes do estudo e o peso, altura e tamanho dos neonatos, oferecendo uma visão detalhada das características dos recém-nascidos envolvidos no estudo.

Fonte:  JAMA. doi:10.1001/jama.2023.19869

Em contrapartida, o estudo também observou um aumento na proporção de neonatos com peso abaixo de 2500g ou classificados como pequenos para a idade gestacional, o que pode ser preocupante, considerando que essas crianças podem enfrentar desafios de saúde próprios.

É importante também reconhecer as limitações que o estudo enfrentou. A pesquisa sofreu atrasos devido à pandemia de COVID-19 e teve seu progresso prejudicado por ataques cibernéticos, que embora não tenham comprometido os dados, trouxeram desafios logísticos. Outra consideração é a demografia dos participantes, com 80% sendo de etnia branca europeia, o que pode não refletir a diversidade de outras populações.

Este estudo, portanto, nos leva a conclusão de que o uso precoce da metformina no contexto da diabete gestacional revelou resultados mistos. Enquanto não se mostrou superior ao placebo no principal desfecho do estudo, os benefícios observados nos desfechos secundários sugerem um potencial terapêutico que merece ser explorado em pesquisas futuras. Os resultados, enfatizam a importância de aprofundar o entendimento da metformina e seu papel no tratamento da diabete gestacional.



Leia também: 


Referência:

Dunne F, Newman C, Alvarez-Iglesias A, et al. Early Metformin in Gestational Diabetes: A Randomized Clinical Trial. JAMA. Published online October 03, 2023. doi:10.1001/jama.2023.19869


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