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Biomarcador associado à COVID-19 em pacientes de alto risco

Biomarcador associado à COVID-19 em pacientes de alto risco
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jul. 28 - 5 min de leitura
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Diante do cenário da COVID-19, o desafio de tratar pacientes com condições cardiometabólicas, tais como obesidade e diabetes tipo 2, se torna concreto para os médicos. Estes pacientes tendem a apresentar um percurso da doença mais severo, ressaltando a necessidade de terapias efetivas e direcionadas.

Nesse panorama, um estudo realizado pelo Population Health Research Institute, em Ontário, Canadá, e publicado em JAMA Network em 27 de julho de 2023, trouxe novas perspectivas. A pesquisa identificou o biomarcador proteico KIM-1 como um potencial atenuador da gravidade da COVID-19 em pessoas com obesidade. Tal avanço pode não apenas aprimorar a estratificação de risco nos pacientes, mas também guiar a abordagem terapêutica e promover o desenvolvimento de novos alvos de tratamento, proporcionando uma mudança significativa na prática clínica dos médicos.

A pesquisa foi conduzida através da randomização mendeliana (MR) de duas amostras, um método estatístico que utiliza associações genéticas para deduzir causalidade. Foram analisadas amostras sanguíneas de 22.101 indivíduos, incluindo 4.147 com fatores de risco para glicemia e riscos cardiovasculares, coletadas por meio do estudo ORIGIN. Os pesquisadores também utilizaram estatísticas provenientes de estudos genômicos de larga escala de outros estudos independentes de proteoma plasmático, consórcios genéticos para fatores de risco cardiometabólicos selecionados (como IMC, diabetes tipo 2, pressão arterial elevada) e da COVID-19 Host Genetics Initiative.

O resultado dessa análise minuciosa indicou que, dentre os 235 biomarcadores avaliados, somente níveis mais elevados de KIM-1 estavam associados a uma menor probabilidade de hospitalização por COVID-19. A análise de MR multivariada também sugeriu que o KIM-1 atenuou parcialmente a associação do IMC com a hospitalização por COVID-19, reduzindo-a em 10 pontos percentuais.

O KIM-1, também conhecido como receptor celular do vírus da hepatite A, é expresso em órgãos como o rim, pulmão, fígado e baço, e auxilia no controle da infecção viral e da autoimunidade mediante diversos mecanismos. Em situações agudas, como na infecção por COVID-19, níveis elevados de KIM-1 podem diminuir a inflamação e as respostas imunológicas, o que pode justificar seu efeito protetor.

Os achados desse estudo indicam que o KIM-1 pode ser um potencial alvo terapêutico, principalmente para indivíduos com risco cardiometabólico elevado. O KIM-1 também tem sido associado a vírus diferentes do SARS-CoV-2, atuando como receptor ou co-fator para o vírus Ebola Zaire e facilitando a entrada do vírus da dengue nas células-alvo.

Apesar dessas descobertas representarem um avanço considerável na compreensão da interação entre a COVID-19 e as condições cardiometabólicas, são necessários mais estudos para entender melhor os mecanismos biológicos subjacentes. Além disso as informações sobre o possível papel atenuante do KIM-1 podem ser clinicamente relevantes não apenas na fase aguda, mas também durante a fase de recuperação pós-COVID.

Em conclusão, a identificação de biomarcadores causais ou protetores para a gravidade da COVID-19, como o KIM-1, pode ajudar a orientar decisões terapêuticas, aprimorar a estratificação de risco para a gravidade da COVID-19 e identificar novos alvos terapêuticos, especialmente para aqueles com fatores de risco cardiometabólicos.

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Referências: 

  • Sood T, Perrot N, Chong M, et al. Biomarkers Associated With Severe COVID-19 Among Populations With High Cardiometabolic Risk: A 2-Sample Mendelian Randomization Study. JAMA Netw Open. 2023;6(7):e2325914. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.25914




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