O nosso conhecimento atual sobre os cânceres associados a vírus teve origem em biópsias nas quais foi possível identificar e estudar diversos genes reguladores do Sistema de controle do ciclo celular, entre eles os proto-oncogenes cuja função está relacionada aos mecanismos de crescimento, diferenciação e proliferação celular normais. Além disso, os produtos desses genes são fatores de crescimento, receptores de membrana e proteínas de ligação ao DNA.
De fato, essas proteínas normais perfazem um Sistema de Controle do Ciclo Celular (SCCC). Neste grupo, diversos genes têm sido estudados e reportados na literatura médica pertinente. Em destaque, a ênfase é para o proto-oncogene KRAS-2B, que produz uma proteína de ligação ao GTP (Guanosina Trifosfato).
A mutação somática pontual no KRAS ocorre com ganho de função e compromete a homeostasia do ciclo celular, cujas principais consequências são a inibição da apoptose e sinalização constitutiva para proliferação descontrolada de células com lesões pré-cancerosas. Em contrapartida, os genes supressores de tumores (GST), como o TP53 e o RB, regulam a transcrição do DNA e mantém as células alteradas em “quarentena”, em um estado quiescente, em G0, impedindo assim, seu retorno ao ciclo celular e posterior divisão celular.
O gene TP53 (conhecido como gene supressor de tumor) é o guardião do genoma enquanto o RB impede a divisão celular de continuar indefinidamente. O efeito de mutações nos GSTs ocorre com perda de função e, reflete no crescimento das células tumorais, distorcendo a função primária destes genes de suprimirem eventuais tumores em um estágio bem precoce que antecede a decisão celular propriamente dita. Coletando-se biópsias com células malignas pode se detectar por técnicas de Biologia Molecular essas duas classes de genes mutados.
Diante destes conhecimentos que se imaginou a possibilidade de pesquisar qual a correlação entre o status mutado do gene KRAS e o prognóstico do carcinoma de vesícula biliar, tendo em vista que este é o oncogene de maior incidência em órgão cujo tecido epitelial está presente. Dadas as funções do KRAS, hoje, sabe-se que os efeitos desse oncogene em carcinoma de vesícula biliar podem ocorrer simultaneamente ou isoladamente.
O KRAS mutado age como um interruptor molecular de sinais externos à membrana plasmática que deve ser conduzidos até o núcleo celular. Assim que ativado, o KRAS reuni e ativa proteínas importantes para a dispersão de fatores de crescimento e sinais em outros receptores de rotas metabólicas específicas colaborando com outros genes no controle do ciclo celular.
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Referência
PANIAGUA. José Antonio. Busca de mutações no exon 1 do gene KRAS em amostras de carcinoma de vesícula biliar/ 1.4 Prognostico baseado em análise de DNA. 2013, 102f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia)- Universidade Católica de Brasilia, 2013.