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Caminhos neurais e habilidades motoras. Dicas de ensino!

Caminhos neurais e habilidades motoras. Dicas de ensino!
Maria de Lourdes  de Moraes Pezzuol
out. 3 - 5 min de leitura
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O último passo na formação do cérebro estende-se bem lá do nascimento. Um fio elétrico sem a camada de plástico isolante não consegue fazer passar a corrente elétrica. A célula nervosa também tem seu fio elétrico que necessita de um isolante. Esse isolante não é de plástico (já que a generalidade das pessoas não é de plástico, com exceção de pessoas muito vaidosas a partir dos 40).

O isolante do fio elétrico da célula nervosa- o axônio – é feito de uma camada de gordura e proteína chamada bainha de mielina. À medida que a bainha de mielina se vai enrolando em volta dos axônios, as células nervosas começam a funcionar com mais rapidez e precisão. Em resultado a criança começa a sentar-se, a andar, a falar, a resolver equações do segundo grau e a projetar-se nas redes socias.

A formação do cérebro é algo maravilhoso, mágico, quase transcendente. É também um prodígio de complexidade e precisão e, como tal, vulnerável, como tudo o que é precioso. O défice cognitivo pode resultar de um erro de programação deste computador ultrassofisticado – uma gralha no livro de instruções de montagem, como sucede nas alterações cromossômicas de que a síndrome de Down é um exemplo – ou de uma perturbação externa, como as drogas, que vem pôr, por assim dizer, uma pedra na engrenagem.

Muitas vezes, os pais de crianças com dificuldades intelectuais interrogam-nos por que motivo os exames de imagem do cérebro (como o TAC ou ressonância magnética) não mostram anomalias. Acontece que esses exames são como o Google Earth, que mostra as casas e as ruas, mas não quem se comunica com quem.

Para que o cérebro funcione normalmente não é apenas necessário que as células se encontrem presentes, mas também que a ligação entre elas se faça de forma correta e, progressivamente, mais aperfeiçoada.  (Sentidos- Nuno Lobo Antunes e equipe Técnica do PIN, 2021)

Figura 1- A complexidade da celula nervosa depende em parte da estimulação a que é submetida. 

A- Neurônio complexo enriquecido por estimulos. 

B- Neurônio simplificado por ser pouco estimulado. 



Fonte:  Sentidos- Nuno Lobo Antunes e equipe Técnica do PIN, 2021

A permanência vem da prática – caminhos neurais

O cérebro muda em resposta àprática frequente. No cérebro humano, existem bilhões de neurônios que estão interconectados para formar conjuntos complexos de caminhos neurais. Movimentos das correntes elétricas descem estes caminhos de neurônio a neurônio, entregando mensagens que constroem pensamentos e ações.

Quanto mais realizamos certas ações, mais conexões se formam entre os neurônios correspondentes. Esse reforço faz o comportamento parecer automático. A pratica é como os humanos se tornam bons em uma habilidade.

Por exemplo, a primeira vez que um estudante tenta uma cambalhota ou uma virada, os caminhos neurais envolvidos não estão totalmente conectados. Por isso, a mensagem, viaja muito devagar e requer uma grande quantidade de esforço e concentração. Quanto mais vezes o estudante pratica cambalhotas e viradas, mais esses caminhos são reforçados. No décimo dia de prática, as correntes elétricas disparam em um ritmo mais rápido. O estudante irá notar que ele/ela pode fazer a cambalhota ou virada mais facilmente e com menos concentração. Eventualmente, o aprendiz pode estar pensando em alguma outra coisa enquanto executa a habilidade. A ação já se tornou programada no cérebro por uma forte rede de caminhos neurais.  (INATI, 2017)

Dicas de ensino

- A prática não necessariamente faz a perfeição. A prática contínua a faz permanente. Começando pela aquisição de uma habilidade, é imperativo que o estudante pratique a nova habilidade corretamente. Esse ensaio deve envolver a prática guiada com o professor que pode dar um retorno corretivo para o aluno melhorar suas habilidades.

- Quando a prática do estudante atingiu o nível de precisão, o professor pode endereçar então algumas práticas independentes. Contudo, a memória não é colocada no armazenamento de longo prazo até que a prática esteja completa.  Uma vez que a prática se faz permanente, se o aluno praticar uma habilidade incorretamente, ele/ela vai aprender intensamente a performance imprópria da habilidade.  (Souza, 2011).

Referências Bibliográficas:

ANTUNES, Nuno Lobo e equipe técnica PIN. Sentidos. Ed. Lua de Papel, 2021, Córdova.

Instituto de Natação Infantil (INATI). Como o cérebro aprende melhor. (Lana Whitehead). Tradução: Luigi Rossi Madorno, edição gráfica: Hamilton Dertonio, 2017.

SOUZA, D.A. Como o cérebro aprende. Thousand Oaks, CA: Corwin Press, 2011.







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