Estudo - publicado pela Nature e realizado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos - descobriu um novo mecanismo de neurodegeneração, prevenção e tratamento para Alzheimer e doenças relacionadas envolvendo tau, o recrutamento de linfócitos T pelas células da micróglia.
A doença de Alzheimer desenvolve-se em duas fases principais. Primeiro, as placas da proteína beta-amilóide começam a se formar. Eventualmente, o tau também começa a se agregar, sinalizando o início da segunda fase. Nessa etapa, a neurodegeneração se espalha e as pessoas começam a ter dificuldades de raciocínio e para lembrar das coisas. As células tornam-se ativadas e disfuncionais à medida que as placas amilóides se acumulam. A disfunção microglial piora, a neurodegeneração acontece e acelera o curso da doença.
Para entender a relação imunológica com o Alzheimer, foram analisadas células imunes no cérebro de quatro grupos de camundongos diferentes e geneticamente modificados para imitar diferentes aspectos da doença de Alzheimer, procurando mudanças na população de células imunes que ocorrem ao longo da doença.
Os grupos continham duas cepas de camundongos com extensos depósitos de amiloide, mas sem atrofia cerebral. Uma terceira linhagem, representativa da fase posterior, era caracterizada por emaranhados tau, atrofia cerebral, neurodegeneração e déficits comportamentais aos nove meses e meio de idade. Também foi analisada uma quarta linhagem de camundongos que não desenvolvem placas amilóides, emaranhados tau ou deficiências cognitivas.
Como resultado, os pesquisadores encontraram muito mais células T nos cérebros de camundongos com tau do que nos cérebros de camundongos amiloides ou de comparação. Notavelmente, as células T foram mais abundantes nas partes do cérebro com mais degeneração e maior concentração de micróglia. As células T eram igualmente abundantes em locais de agregação de tau e neurodegeneração nos cérebros de pessoas que morreram com a doença de Alzheimer.
Estudos adicionais com camundongos indicaram que os dois tipos de células imunológicas trabalham juntas para criar um ambiente inflamatório preparado para danos neuronais. A micróglia libera compostos moleculares que atraem células T do sangue para o cérebro e as ativam. As células T liberam compostos que empurram a microglia para um modo mais pró-inflamatório.
Assim, a eliminação da micróglia ou das células T quebrou a conexão tóxica entre os dois e reduziu drasticamente os danos ao cérebro. Por exemplo, quando camundongos com tau receberam um anticorpo para esgotar suas células T, eles tiveram menos micróglia inflamatória em seus cérebros, menos neurodegeneração e atrofia e uma capacidade aprimorada de realizar tarefas como construir um ninho e lembrar coisas recentes.
Por isso, segundo os autores do estudo, é provável que algumas drogas que agem nas células T possam ser colocadas em ensaios clínicos para a doença de Alzheimer e outras tauopatias se essas drogas são protetoras em modelos animais.
Referência:
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