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Desafios da maternidade em tempos de pandemia: Aumento alarmante da mortalidade materna exige atenção

Desafios da maternidade em tempos de pandemia: Aumento alarmante da mortalidade materna exige atenção
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mai. 29 - 5 min de leitura
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Durante a pandemia, o medo e a preocupação com a saúde se intensificaram, especialmente para as gestantes. O temor de complicações na gravidez e o medo da morte tornaram-se realidades assustadoras. A Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que a mortalidade materna continua inaceitavelmente alta em todo o mundo, com a maioria das mortes ocorrendo em países de baixa e média renda.

Na América Latina e no Caribe, a mortalidade materna aumentou em 15% entre 2016 e 2020, representando um retrocesso de duas décadas na saúde materna. A meta é reduzir para menos de 30 mortes maternas a cada 100 mil nascidos vivos, mas atualmente, a taxa é de 68 mortes por 100 mil nascidos vivos. É importante ressaltar que a OMS define óbito materno como a morte de uma mulher durante a gestação, parto ou até 42 dias após o término da gestação, devido a causas relacionadas à gravidez.

No Brasil, os números também são alarmantes. Dados do Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna revelam que, em 2020, 71.879 mulheres morreram durante a gravidez, parto ou puerpério. Em 2022, mesmo com dados preliminares, foram registradas 66.862 mortes maternas. Um estudo realizado pelo Observatório Covid-19 Fiocruz indicou um aumento de 40% nos óbitos maternos em 2020, em comparação com anos anteriores. Esse excesso foi constatado mesmo considerando o aumento geral de mortes relacionadas à pandemia. O estudo ressaltou também que a covid-19 contribuiu direta e indiretamente para o aumento das mortes maternas no Brasil.

Gestantes com covid-19 apresentaram maior probabilidade de hospitalização, internação em unidades de terapia intensiva (UTIs) e necessidade de suporte ventilatório invasivo, em comparação com outros pacientes com covid-19. Esse cenário é preocupante, pois evidencia a vulnerabilidade das gestantes frente à doença.

Em meio a relatos de mães que estiveram grávidas durante a pandemia, podemos perceber os desafios enfrentados. O distanciamento social e a falta de apoio emocional foram aspectos impactantes. Além disso, questões como diabetes gestacional, medos intensificados e a dificuldade em obter acesso à vacina foram fatores adicionais que contribuíram para a apreensão dessas mães.

É fundamental ressaltar que o pré-natal adequado desempenha um papel fundamental na prevenção de complicações e na redução da mortalidade materna. Durante as consultas pré-natais, os profissionais de saúde têm a oportunidade de avaliar o histórico da mulher, monitorar a saúde da gestante, oferecer orientações e acompanhamento multidisciplinar. Infelizmente, a adesão ao pré-natal foi afetada durante a pandemia, o que contribuiu para o agravamento da situação.

A vacinação é um fator crucial na proteção da saúde materna. Embora o atraso na vacinação para gestantes possa ter impactado negativamente, é importante destacar que, uma vez vacinadas, houve uma redução significativa nas internações e nos desfechos graves relacionados à covid-19.

É essencial que as gestantes se protejam contra a covid-19, adotando medidas de precaução, como uso de máscaras, distanciamento social e busca pela vacinação. Além disso, a busca por um pré-natal de qualidade, com acompanhamento multidisciplinar, é fundamental para garantir melhores resultados para a gestação.

Para os profissionais da saúde, é necessário estar atento às condições de vulnerabilidade enfrentadas pelas gestantes, especialmente aquelas em situação socialmente desfavorecida. Políticas públicas devem ser implementadas para garantir acesso igualitário aos serviços de saúde, visando à redução da mortalidade materna.

Diante desse contexto desafiador, é importante que profissionais da saúde, como pediatras, estejam cientes das dificuldades enfrentadas pelas mães durante a pandemia. Isso permitirá um cuidado mais abrangente e sensível, buscando minimizar os impactos na saúde materna e infantil.

É preciso unir esforços para enfrentar o aumento da mortalidade materna, fortalecer os sistemas de saúde, promover a equidade no acesso aos cuidados pré-natais e incentivar a vacinação. Somente por meio de ações integradas e conscientização poderemos reduzir as mortes evitáveis e garantir uma maternidade segura para todas as mulheres.




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Fonte:
Agência Brasil (Maio, 2023) - Morte materna teve alta na pandemia e preocupa órgãos de saúde
https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-05/mortes-maternas-registraram-maiores-altas-durante-pandemia-da-covid-19


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