A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente as primeiras diretrizes globais para apoiar mulheres e recém-nascidos no período pós-natal, definido como as primeiras seis semanas (42 dias) após o nascimento. Este é, de acordo com o documento, um momento crítico para garantir a sobrevivência do recém-nascido e da mãe e para apoiar o desenvolvimento saudável do bebê, bem como a recuperação e o bem-estar mental e físico geral da mãe.
Segundo a entidade, 3 em cada 10 mulheres e bebês em todo o mundo não recebem atualmente cuidados pós-natais nos primeiros dias após o nascimento — período em que ocorre a maioria das mortes maternas e infantis. Enquanto isso, as consequências físicas e emocionais do parto —de lesões a dores e traumas recorrentes —podem ser debilitantes se não forem gerenciadas, mas geralmente são tratáveis quando os cuidados certos são oferecidos.
Além de abordar possíveis problemas de saúde, esse período logo após o nascimento é crucial para a construção de relacionamentos e estabelecimento de comportamentos que afetarão o desenvolvimento e a saúde infantil a longo prazo. As diretrizes incluem recomendações para aconselhamento sobre amamentação e para apoiar os pais ou cuidadores na prestação de cuidados adequados a seus recém-nascidos.
Essas orientações incluem:
- Cuidados de alta qualidade em unidades de saúde para todas as mulheres e bebês por pelo menos 24 horas após o nascimento, com um mínimo de três exames pós-natais adicionais nas primeiras seis semanas. Esses contatos adicionais devem incluir visitas domiciliares, se possível, para que o profissional de saúde possa apoiar a transição para os cuidados domiciliares. No caso de parto domiciliar, o primeiro contato pós-natal deve ocorrer o mais precocemente possível e, no máximo, 24 horas após o nascimento;
- Formas de identificar e responder aos sinais de perigo que necessitam de atenção médica urgente na mulher ou no bebê;
- Tratamento, apoio e aconselhamento para ajudar na recuperação e gerir problemas comuns que as mulheres podem sentir após o parto, como dor perineal e ingurgitamento mamário;
- Triagem de todos os recém-nascidos para anormalidades oculares e deficiência auditiva, bem como vacinação ao nascimento;
- Apoio para ajudar as famílias a interagir e responder aos sinais dos bebês, proporcionando-lhes contato próximo, aconchego e conforto;
- Aconselhamento sobre aleitamento materno exclusivo, acesso à contracepção pós-natal e promoção da saúde, inclusive para atividade física e saúde mental;
- Incentivo ao envolvimento da parceria, participando de consultas, por exemplo, além de dar apoio à mulher e cuidar do recém-nascido;
- Triagem para depressão e ansiedade materna pós-parto, com serviços de referência e gestão quando necessário.
O guideline detalha o tempo mínimo de permanência hospitalar após o nascimento e fornece orientações sobre os critérios de alta, mas observa que o tempo necessário dependerá de mulheres e bebês individuais, contexto social, experiência de parto e quaisquer problemas de saúde.
Contatos pós-natais adicionais são recomendados para mulheres e recém-nascidos saudáveis entre 48 e 72 horas, entre sete e 14 dias e durante a sexta semana após o nascimento. Se forem identificados riscos para a saúde, provavelmente serão necessários mais contatos, com o tratamento necessário potencialmente muito além das primeiras seis semanas.
Essas recomendações completam uma trilogia de diretrizes da OMS para cuidados de maternidade de qualidade durante a gravidez (período pré-natal) e durante e após o parto, centrados no atendimento das necessidades de todas as parturientes e de seus bebês.
Os documentos focam nos direitos a uma experiência de saúde positiva, onde os pacientes são tratados com dignidade e respeito e podem participar ativamente nas decisões acerca de sua saúde.
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Referência
- World Health Organization. WHO recommendations on maternal and newborn care for a positive postnatal experience. Disponível em https://www.who.int/publications/i/item/9789240045989. Acesso em 03 de abril de 2022.