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Envelhecimento e pobreza: uma dupla problemática para a saúde ocular no Brasil

Envelhecimento e pobreza: uma dupla problemática para a saúde ocular no Brasil
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jun. 15 - 4 min de leitura
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De acordo com um novo relatório divulgado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), envelhecimento e pobreza são os principais fatores de risco para a ocorrência de cegueira e baixa visão no Brasil. O documento, intitulado "As Condições da Saúde Ocular no Brasil 2023", aponta que essas populações estão mais suscetíveis a condições oftalmológicas sérias, com base em uma combinação de dados demográficos e socioeconômicos do país com estimativas mundiais da prevalência de doenças oculares.

Os dados demonstram que as causas principais de cegueira ou baixa visão são: catarata, erros refrativos não corrigidos, glaucoma e degeneração macular relacionada à idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em escala global, 2,2 bilhões de pessoas possuem algum grau de deficiência visual, sendo que 1 bilhão possui deficiência visual moderada ou severa, ou cegueira - condições estas que poderiam ter sido prevenidas ou que ainda não receberam tratamento adequado.

Catarata e erros de refração não corrigidos são as duas principais causas de deficiência visual reversível, representando 75% de todas as deficiências visuais, principalmente entre indivíduos de faixas etárias mais elevadas. A falta de acesso a um atendimento oftalmológico de qualidade, além das mudanças no estilo de vida e a urbanização, são apontadas como influências nesse panorama.

No Brasil, a relação entre pobreza e problemas de saúde, incluindo saúde ocular, é bastante acentuada. O país tem cerca de 1,5 milhão de pessoas cegas, sendo que a maior parte destas - 948,1 mil - pertencem a grupos economicamente vulneráveis.

A deficiência visual não apenas é mais recorrente em pessoas de menor renda, mas também causa um impacto maior nessa parcela da população. O problema ocular gera consequências severas de produtividade e dificuldades de acesso à reabilitação e educação para pessoas cegas.

Os custos econômicos da deficiência visual são consideráveis, dividindo-se entre custos diretos do tratamento de doenças oculares e custos indiretos relacionados à perda de ganhos e os gastos com recursos visuais e equipamentos, reformas em moradias, reabilitação, perda de receita fiscal e percepção de dor e sofrimento.

Para reverter esse cenário, é vital ter um conhecimento real sobre a incidência e prevalência de dados sobre a saúde ocular, além de conhecer o número de médicos oftalmologistas disponíveis para ações de prevenção, diagnóstico e tratamento. O relatório do CBO enfatiza a necessidade de ampliar o acesso a serviços oftalmológicos e monitorar o volume de procedimentos realizados para combater a deficiência visual e garantir o acesso igualitário a serviços oftalmológicos de qualidade em todo o país.

Esta análise proporciona uma perspectiva crucial para os profissionais de saúde, enfatizando a necessidade de abordagens efetivas no tratamento e prevenção de doenças oculares, sobretudo entre as populações mais vulneráveis. Face aos desafios impostos pelo envelhecimento populacional e pela pobreza, é fundamental que nós, como profissionais de saúde, assumamos um papel proativo na promoção da conscientização sobre os cuidados com a saúde ocular e na implementação de medidas preventivas.

Devemos nos posicionar como agentes de transformação, trabalhando em parceria com as políticas públicas, educando a sociedade sobre a importância dos exames oculares regulares, assegurando o acesso igualitário a serviços oftalmológicos de qualidade e, principalmente, capacitando indivíduos para tomarem medidas proativas na manutenção de sua própria saúde ocular.

Somente com uma estratégia ampla e o engajamento de todos os profissionais de saúde será possível impulsionar uma melhora significativa na saúde ocular da população. Desta forma, podemos assegurar que o direito fundamental à visão se torne uma realidade acessível para todos.




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Fonte: 

Envelhecimento e pobreza são principais fatores de risco para cegueira. Agência Brasil. 2023 [cited 2023 Jun 15]. Available from: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-06/envelhecimento-e-pobreza-sao-principais-fatores-de-risco-para-cegueira




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