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Estudo Mostra Como a Poluição do Ar Está Comprometendo Nossa Saúde Cerebral

Estudo Mostra Como a Poluição do Ar Está Comprometendo Nossa Saúde Cerebral
Comunidade Academia Médica
jan. 15 - 3 min de leitura
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Nos últimos anos, a comunidade científica tem intensificado seus esforços para compreender os efeitos nocivos da poluição do ar não apenas em nossos sistemas respiratório e cardiovascular, mas também no cérebro. Um crescente corpo de pesquisa está revelando conexões preocupantes entre a poluição do ar e uma variedade de distúrbios cerebrais, incluindo demência, depressão e ansiedade.

Um dos pioneiros nesse campo de estudo é Deborah Cory-Slechta, da Universidade de Rochester, que inicialmente especializou-se na neurotoxicidade do chumbo. Contudo, um projeto que começou quase por acaso em 2012 mudou radicalmente o foco de sua pesquisa para os danos cerebrais causados pela poluição do ar. Os resultados, segundo ela, foram "assombrosos".

Estudos subsequentes realizados em cidades com altos níveis de poluição, como a Cidade do México, mostraram que crianças expostas a níveis elevados de poluentes apresentavam lesões significativas nas vias de matéria branca do cérebro, especialmente no córtex pré-frontal. Essas crianças também tiveram um desempenho inferior em tarefas cognitivas quando comparadas com aquelas de áreas menos poluídas.

A pesquisa global tem consistentemente mostrado que a exposição prolongada a partículas finas e gases tóxicos como óxido nítrico e dióxido de nitrogênio está associada a riscos aumentados de depressão e ansiedade. Estudos longitudinais, incluindo análises de dados do UK Biobank, corroboram essas descobertas, reforçando a necessidade urgente de mais pesquisas sobre como a poluição do ar afeta especificamente o cérebro.

Os poluentes do ar são uma mistura complexa de componentes gasosos e particulados que diferem dependendo da fonte. Isso inclui tudo desde emissões de exaustão de veículos, a produção industrial até a fumaça de incêndios florestais e fogões a lenha. Essa diversidade de fontes e compostos químicos torna os poluentes atmosféricos especialmente perigosos, pois são capazes de penetrar profundamente no corpo e no cérebro.

A pesquisa de Cory-Slechta revelou que partículas ultrafinas, aquelas menores que 100 nanômetros, são extremamente reativas quimicamente e têm maior probabilidade de penetrar no organismo, chegando até o cérebro. Essas partículas podem desencadear uma cascata de respostas inflamatórias que, segundo Caleb Finch da Universidade do Sul da Califórnia, afetam todas as principais classes de células cerebrais.

Dado o potencial da inflamação para perturbar o desenvolvimento cerebral e contribuir para doenças neurodegenerativas, os pesquisadores estão agora focados em entender quais poluentes específicos impulsionam essa inflamação e como isso ocorre. Estudos futuros e uma maior colaboração entre neurocientistas e especialistas ambientais serão cruciais para desvendar esses mecanismos e para desenvolver estratégias eficazes de mitigação.

Diante dessas evidências, torna-se imperativo repensar regulamentações sobre a qualidade do ar que busquem reduzir os poluentes mais abundantes, e também aqueles mais neurotóxicos. A pesquisa contínua em neurotoxicidade ambiental é vital para informar políticas públicas e práticas de saúde que protejam não apenas a saúde física, mas também a saúde cerebral das populações ao redor do mundo.


Referência:

Drew, L. (2025, January 14). Air pollution and brain damage: what the science says. Nature. https://www.nature.com/articles/d41586-025-00053-y


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