A meningite bacteriana, uma inflamação das meninges causada por infecções bacterianas no sistema nervoso central, continua a ser uma grave preocupação de saúde pública, apesar da diminuição global de casos devido à expansão dos programas de vacinação pediátrica. Embora as sequelas neurológicas a longo prazo, como deficiências cognitivas, doenças psiquiátricas, perda auditiva e distúrbios motores, sejam amplamente reconhecidas, pouco se sabe sobre as consequências econômicas e de capacidade de trabalho na idade adulta para aqueles que sobreviveram à meningite bacteriana na infância.
Um estudo longitudinal de coorte nacional conduzido na Suécia explorou estas repercussões, investigando a capacidade de trabalho e o nível educacional em adultos que foram diagnosticados com meningite bacteriana na infância. Os resultados são reveladores e destacam a persistente carga econômica desta condição.
Principais Descobertas do Estudo:
Redução na Capacidade de Trabalho: Adultos que tiveram meningite bacteriana na infância apresentaram uma redução anual na capacidade de trabalho, traduzida em uma diminuição de 4,0% nos ganhos anuais e um aumento de 13,5 dias nas perdas de trabalho por ano, o que inclui licenças médicas e pensões por invalidez.
Menor Nível Educacional aos 30 Anos: O estudo também observou que indivíduos que sofreram de meningite bacteriana na infância tendem a ter um menor nível de educação aos 30 anos de idade, comparativamente aos pares da população geral.
Impacto Baseado no Patógeno e Idade no Diagnóstico: A análise mostrou que infecções por pneumococos resultaram em uma maior redução na capacidade de trabalho. Adicionalmente, aqueles diagnosticados em uma idade mais jovem (abaixo da mediana) apresentaram uma capacidade de trabalho inferior em relação aos diagnosticados em idades mais avançadas.
Este estudo mostra a duradoura influência econômica da meningite bacteriana, mostrando não apenas impactos imediatos, mas também desafios que se estendem na vida adulta, afetando a auto-suficiência econômica e o acesso a oportunidades educacionais e profissionais.
Uma das grandes forças deste estudo é o uso de registros suecos de longo prazo, que permitem um acompanhamento detalhado dos indivíduos desde a infância até mais de 30 anos após o diagnóstico. As medidas objetivas e quantitativas dos ganhos e perdas de trabalho oferecem uma avaliação padronizada e abrangente das consequências econômicas a longo prazo da meningite bacteriana infantil.
No entanto, há limitações, como a possível classificação errada de meningite bacteriana devido à falta de dados clínicos e laboratoriais para verificar todos os diagnósticos e a incapacidade de capturar períodos de licença médica inferiores a 15 dias.
O estudo sublinha a importância de abordagens preventivas, como programas de vacinação e medidas de saúde pública, para mitigar os efeitos devastadores da meningite bacteriana desde a infância. A pesquisa também reforça a necessidade de suporte contínuo a sobreviventes, dada a diminuição substancial na capacidade de trabalho e as barreiras educacionais que enfrentam na vida adulta, o que impacta significativamente a sociedade em termos de custos de saúde de longo prazo e perda de produtividade econômica.
Referência:
Mohanty S, Johansson Kostenniemi U, Silfverdal SA, et al. Adult Work Ability Following Diagnosis of Bacterial Meningitis in Childhood. JAMA Netw Open. 2024;7(12):e2445497. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.45497