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O desafio da gestão do desfecho clínico

O desafio da gestão do desfecho clínico
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set. 14 - 3 min de leitura
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O desafio da gestão do desfecho clínico

*por Joatam L. Silva-Junior, MD, MBAs.

Gostaria de compartilhar uma constatação e assim despertar a discussão entre todos os profissionais envolvidos na tal de gestão de saúde.

Começa pela aflição de uma evolução muito lenta que vivenciamos em solo brasileiro na implementação de algo melhor que o pagamento por evento (o famoso fee for service – ou como gosto de chamar carinhosamente de: “produza papel e receba um dinheiro, independente do resultado”).

Grande parte do planeta já discute seriamente, e desenvolve mecanismos alinhados de incentivos para evoluirmos para o pagamento por desfecho clínico. Este talvez seja o primeiro obstáculo – mensurar e começar a resolver a imensa variabilidade (ainda desconhecida, e até certo ponto assustadora aos profissionais - de serem comparados cientificamente entre sí).

Este papel de mensuração definitivamente deverá ser feito por profissionais raros neste planeta –  profundo conhecimento da área da saúde, com uma história de aprendizado em diversas áreas do saber humano além da biológica (ex: estatistica, economia e finanças, entre outras), capazes de, com menor viés possível, tratar um diálogo honesto e de crescimento a todos com os indicadores contruídos em conjunto. O usuário final será beneficiado com um tratamento melhor, com menor desperdício e ainda terá um sorriso no rosto.

“Isso é muito teórico” – frase que já ouvi algumas vezes, e até considero normal receber esta argumentação, afinal de contas “a ignorância é uma benção” – além de nós somos um país de analfabetos funcionais. O fato é que outros países já o fazem.

Vivenciei uma situação real de ser um professional da saúde, trabalhando numa UTI e imaginando se a remuneração por desfecho clínico já estivesse em prática por aqui, e lá iniciou esta reflexão.

Plantão noturno, paciente em pós operatório de revascularização inicia sintomas de delirium - que sabidamente incrementa o risco de intercorrências que seriamente diminuiria a remuneração da instituição se já estivessemos sob a análise de desfecho clínico. Uma consideração importante - a prevenção e conduta não depende de um só profissional, mas de uma equipe multiprofissional com corretos incentivos alinhados, motivada, em um ecossistema favorável de melhoria contínua, orgulhosos de ser melhor a cada dia.

Aí a realidade: em um ambiente ruidoso, sem ciclo de claro/escuro respeitado, estressante, vejo profissionais apresentando todos os sintomas descritos no artigo que cito abaixo sobre a consciência da equipe de enfermagem quanto ao manejo de uma afeccção extremamente frequente em UTI - resumidamente: "dá um jeito nela para não atrapalhar", o que significa qualquer coisa que sossegue um leão.

Fiquei imaginando todos os processos que deveriam acontecer: desde educação continuada, valorização real dos profissionais com incentivos corretos, respeito pela percepção do usuário/cliente/paciente tornando esse ítem como variável mesurável de sucesso, etc, etc (continuaremos a discutir estes processos em futuros encontros).

A missão é grande e estimulante, e estamos bem no início dela. Só falta mais gente estudando e ajudando a colocar em prática - incentivo seriamente a entrar neste time - ou ao invés de arriscar algo novo, mantenha se tranquilo em lento declínio para a obsolescência.

 

https://www.linkedin.com/in/joatam

 

Artigo citado

 

http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n2/pt_0104-0707-tce-24-02-00513.pdf


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