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Higienização de mãos

Higienização de mãos
Rodrigo Nakan
ago. 9 - 8 min de leitura
010

Higienização de mãos, conheça quem salvou muitas vidas defendendo essa prática

LAVEM AS MÃOS! Dizia um Médico Húngaro que defendeu a importância da Lavagem de Mãos observando estudantes em um Hospital Geral de Viena, que aprendiam dissecando cadáveres e depois prestavam assistência em mulheres grávidas.

  Ignaz Semmelweis (1818-1865)fonte: bbc.com

Ignaz Semmelweis (1818-1865) nasceu em Tabán, agora parte de Budapeste, e formou-se em medicina pela Universidade de Viena em 1844, com especialização em obstetrícia; Princípios de 1847, um acidente forneceu a Semmelweis a chave para a solução do problema.

O treinamento dos estudantes no Hospital Geral envolvia de maneira muito intensa a prática de dissecação de cadáveres, e com frequência eles passavam dessa atividade para o atendimento das parturientes apenas lavando as mãos sem muito cuidado. Ocorreu um acidente com seu colega, Kolletschka, que se feriu com um bisturi ao realizar uma autópsia, e veio a morrer de maneira muito semelhante à das vítimas da febre puerperal. Semmelweis conjeturou, então, que a causa da doença poderia ser a mesma nas duas situações: a introdução de “material cadavérico” na corrente sanguínea – pelo bisturi, no caso de Kolletschka, pelas mãos dos estudantes ao examiná-las, no caso das parturientes. Para testar a conjetura, Semmelweis raciocinou que a contaminação poderia ser evitada pela destruição química da matéria patogênica. Determinou então que todos os médicos e estudantes lavassem as mãos com uma solução de cal clorada antes de procederem  a qualquer exame. O índice de mortalidade pela febre no Primeiro Serviço – que, em 1844, 1845 e 1846 havia sido respectivamente 8,2; 6,8 e 11,4 por cento – logo começou a decrescer caindo a 1,27 por cento em 1848 (Marcos B. D. O. Et Al).

Lavar as mãos é uma rotina para os profissionais da Saúde

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), instituíram o dia 05 de maio como o dia mundial da higienização de mãos. A iniciativa tem o objetivo tornar a lavagem de mãos uma prioridade global.

Dentro do ambiente hospitalar as mãos dos profissionais de saúde vêm sendo implicadas como fonte de transmissão de microrganismos e por isso a higienização das mãos é considerada uma medida básica para o cuidado do paciente.

A contaminação das mãos podem ocorrer durante o contato direto com o paciente ou por meio do contato indireto com produtos e equipamentos no ambiente próximo a este, como bombas de infusão, barras protetoras das camas e estetoscópio, entre outros. Bactérias multirresistentes e mesmo fungos como Cândida parapsilosis e Rhodotorula spp. podem fazer parte da microbiota transitória das mãos e assim se disseminar entre pacientes.

Estudos sobre o tema mostram que a adesão dos profissionais de saúde às práticas de higienização das mãos de forma constante e na rotina diária ainda é baixa, devendo ser estimulada para tornar esses profissionais conscientes da importância de tal hábito.

Torna-se imprescindível reformular essas práticas nos serviços de saúde, na tentativa de mudar a cultura prevalente, de modo a aumentar a adesão à higienização das mãos. Dessa forma, a atenção dos gestores públicos, dos diretores e administradores dos serviços de saúde e dos educadores deve estar voltada para o incentivo e a sensibilização dos profissionais com relação à adoção de práticas cotidianas de higienização das mãos.

Todos devem estar conscientes da importância dessas medidas para garantir a segurança e a qualidade da atenção prestada. (Anvisa, 2009)

Entenda um pouco mais sobre o que é a chamada "infecção cruzada"

Hoje em dia se ouve falar muito em distanciamento do contato social, uso de máscaras em ambientes públicos e higienização das mãos com frequência, são algumas das principais ações para a prevenção da Covid-19; estas ações sempre foram rotina em ambientes hospitalares, claro que o profissional da saúde não poderia ter o distanciamento do contato social, mas todas as demais ações para prevenção de contaminação são imprescindíveis para evitar a chamada Infecção Cruzada. 

A Infecção cruzada decorre do contato pessoal de um hospedeiro suscetível com outro portador assintomático ou doente. A maioria das infecções hospitalares é transmitida por contágio direto, por meio de mãos contaminadas. A flora bacteriana das mãos é constituída de micro-organismos residentes e transitórios. A microflora residente forma a população bacteriana estável da pele, sendo encontrada na camada queratinizada, e no epitélio celular e nos dutos glandulares. É composta por: Staphylococcus epidermidis, Corinebactérium acnes e Lactobacilos spp. mantém-se relativamente inalterável durante a vida do indivíduo, podendo ser erradicada só com a destruição da pele.

A microflora transitória é constituída por micro-organismos que ficam na superfície da pele, variando seu número, patogenicidade e virulência. Tanto os profissionais de saúde como o enfermo, transferem mutuamente micro-organismos da flora transitória durante as práticas de rotinas diárias (exame físico, curativos, mudanças de roupas, banhos, etc.)

A maioria dos estudiosos consideram a antissepsia das mãos um dos fatores mais importantes no controle da infecção cruzada em ambiente hospitalar. A higienização das mãos é reconhecida mundialmente como uma medida primária, e de suma importância no controle de infecções relacionadas à assistência à saúde. Por esse motivo, tem sido considerada como um dos pilares da prevenção e do controle de infecções nos serviços de saúde, incluindo aquelas decorrentes da transmissão cruzada de microrganismos multirresistentes (Anvisa, 2009).

Sistema de acesso por higienização de mãos

Se não lavar as mãos, o profissional de saúde não poderá prestar assistência ao seu paciente. 

Em geral, a higienização com sabonete líquido durante o tempo estimado de 40 a 60 segundos remove a microbiota transitória, tornando as mãos limpas. Esse nível de descontaminação é suficiente para os contatos sociais em geral e para a maioria das atividades praticadas nos serviços de saúde. (Anvisa, 2009)

Considerando todos os estudos relacionados à eficácia da Higienização de Mãos no controle de infecção hospitalar e prevenção da infecção cruzada, se percebeu a necessidade de uma ferramenta que possa tornar ainda mais automática e intuitiva este procedimento.

Assim, foi desenvolvido um sistema de acesso integrando uma torneira com acionamento eletrônico que destrava a porta automaticamente somente após o profissional de saúde efetuar a higienização de mãos por no mínimo 40 - 60 segundos conforme preconizado pela ANVISA e identifica quem foi o profissional que efetuou a lavagem e acessou o ambiente onde o paciente está em isolamento.

Caso o processo de lavagem não seja concluído, um alerta visual é acionado não permitindo o acesso, assim, ficando o profissional sem poder atender o seu paciente com exceção de intercorrência (Emergência) onde um botão estrategicamente posicionado poderá ser acionado e todas as portas se destravam sem a necessidade da higienização de mãos. O sistema registra imediatamente qual profissional acessou o quarto no instante da emergência e o tempo desta intercorrência.

Inicialmente todo o sistema foi desenvolvido e instalado em quartos de unidades de internação para pacientes imunossuprimidos que se submeteram ao transplante de medula óssea, podendo ser aplicado em quaisquer unidades hospitalares, clínicas e laboratórios com objetivo de prevenir a chamada Infecção Cruzada;

 

REFERÊNCIAS

      1.  Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos / Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2009. https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/seguranca-do-paciente-higienizacao-das-maos

       2. CANSIAN, T.M. - A enfermagem e: controle da infecção cruzada. Rev. Bras. Enf.; DF, 30 : 412-422, 1977.

https://www.scielo.br/pdf/reben/v30n4/0034-7167-reben-30-04-0412.pdf

       3. WHO guidelines on hand hygiene in health care   https://www.who.int/gpsc/5may/tools/9789241597906/en/  

       4. Segurança no Ambiente Hospitalar – ANVISA https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/seguranca_hosp.pdf    

       5.  Marcos B. D. O. Et Al , scientiæ zudia, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 49-79, 2007, Hempel, Semmelweis e a verdadeira tragédia da febre puerperal  https://www.scielo.br/pdf/ss/v5n1/a03v5n1.pdf


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