Pesquisas recentes da Universidade de Oregon destacam o papel crucial da conexão social na prevenção do suicídio entre adolescentes em situação de risco. Lauren Berny, doutoranda em ciências da prevenção na Faculdade de Educação da Universidade e pesquisadora no Instituto de Ciências da Prevenção da mesma instituição, conduziu estudos que ilustram como o sentimento de pertencimento, seja na escola ou na comunidade, pode fornecer uma rede de segurança vital para esses jovens.
Os resultados, publicados nas revistas Children and Youth Services Review e Child Psychiatry & Human Development, e divulgados em Medical Xpress em 30 de abril de 2024, revelam que conexões significativas com adultos e colegas podem oferecer uma proteção eficaz contra pensamentos e tentativas de suicídio. Cerca de 20% dos estudantes do ensino médio nos Estados Unidos relataram ter pensado seriamente em suicídio, e 9% tentaram suicídio no último ano, segundo uma pesquisa do Centers for Disease Control and Prevention. Esses números alarmantes são agravados pela escassez nacional de serviços de saúde mental.
A pesquisa de Berny analisou dados de quase 300 adolescentes, de 13 a 19 anos, dos estados de Minnesota, Wisconsin e Texas. Esses jovens, que fazem parte de um estudo maior sobre a eficácia de escolas de recuperação, apresentam um risco maior de suicídio em comparação com a média. O estudo também explorou a relação entre violência interpessoal, como abuso sexual ou físico e violência armada, e o risco de suicídio, encontrando uma associação significativa entre essas experiências e tentativas de suicídio.
Curiosamente, Berny descobriu que os fatores de risco para pensamentos suicidas diferem dos fatores para tentativas de suicídio. Embora a depressão esteja fortemente ligada aos pensamentos suicidas, o histórico de violência interpessoal dos adolescentes mostrou uma correlação maior com as tentativas de suicídio.
Os resultados sugerem que medidas de conexão em escolas e bairros estão associadas a um menor risco de tentativas de suicídio entre esses adolescentes de alto risco. Sobreviventes de abuso sexual que reportaram um forte apoio de professores e interações positivas com colegas tiveram significativamente menos chances de relatar uma tentativa de suicídio anterior, comparados àqueles com baixos níveis de conexão escolar. Conexões sociais fortes no bairro tiveram um efeito protetor semelhante para sobreviventes de abuso sexual e físico e adolescentes com transtornos alimentares.
As escolas e comunidades podem promover relações protetoras por meio de grupos de apoio entre pares para adolescentes que enfrentam desafios semelhantes e programas de mentoria que conectam jovens com mentores adultos que compartilham identidades ou experiências de vida similares. Programas como o "Lunch Buddy", onde adultos dedicam uma hora por semana para oferecer suporte adicional a um estudante, são exemplos de intervenções que, embora pequenas, podem ter um impacto significativo.
Este crescente corpo de pesquisa enfatiza a necessidade de uma abordagem abrangente na prevenção do suicídio adolescente, que inclua, mas não se limite a, tratamento clínico. Iniciativas focadas no fortalecimento das conexões sociais podem ser uma chave vital para combater essa crise de saúde pública.
Referência:
Medical Xpress. (2024, April 30). Study shows social connection is key for youth suicide prevention efforts. Medical Xpress. https://medicalxpress.com/news/2024-04-social-key-youth-suicide-efforts.html