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Janeiro Branco: o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental de trabalhadores da saúde

Janeiro Branco: o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental de trabalhadores da saúde
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jan. 31 - 4 min de leitura
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A cor branca, de acordo com a psicologia das cores, traz paz, cura e tranquilidade. Por isso, foi escolhida como campanha para colocar em pauta a discussão sobre a saúde mental em Janeiro. E em seu último dia, viemos conversar sobre, para enfatizar que o cuidado com a saúde mental deve ser o ano inteiro. Além disso, é a cor que nós, profissionais de saúde, vestimos desde o primeiro semestre da faculdade. Porém, apesar da cor transmitir serenidade e equilíbrio, isso não reflete na nossa saúde mental.

Quer saber mais sobre Janeiro - Branco? Conheça o site da campanha

Um estudo de coorte prospectivo multicêntrico feito por uma colaboração entre a  Universidade do Chile, a Universidade de Columbia e a Organização Pan-Americana da Saúde(OPAS), com ênfase nos 11 países da Região das Américas, teve o objetivo de avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental de trabalhadores de serviços de saúde (1). O artigo considera avaliações de acompanhamento realizadas aproximadamente aos 6, 12 e 24 meses, desde o início do estudo ou linha de base. O estudo continha questionários autoaplicáveis para a detecção de morbidade por transtornos psiquiátricos menores (GHQ-12),para identificar depressão maior (PHQ-9), pensamentos suicidas e itens sobre aspectos individuais, laborais, familiares e sociais relacionados à pandemia de COVID-19.

No Brasil, os 1.864 profissionais participantes do estudo estavam localizados em Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo e sua maioria eram mulheres com idade igual ou inferior a 35 anos, atuantes no Sistema Único de Saúde (SUS) e com formação de graduação e pós-graduação. De uma faixa de 0 a 32 pontos, em que a pontuação mais alta indica um nível mais alto de sofrimento psíquico, a média do Brasil ficou entre 13,5 a 16,6, sendo o segundo que mais sofre com a comorbidade, apenas depois da Colômbia. Também, o Brasil foi o segundo maior em proporção de profissionais de saúde com sintomatologia coincidente com depressão grave. Além disso, 8,41%-11,60% dos profissionais de saúde pesquisados apresentaram ideação suicida no país canarinho. 

Como fatores individuais associados a sofrimento psíquico, os participantes responderam que o baixo apoio social aumenta o risco de os membros da equipe de saúde apresentarem sofrimento psíquico e sintomas depressivos. Contudo, considerar-se uma pessoa religiosa reduziu o risco de sofrimento psíquico e sintomas depressivos. 

Apesar de a amostra significante, mas ainda limitada do número de profissionais no Brasil, o estudo ressalta a importância de quebrar o tabu sobre doenças psíquicas no meio da saúde. Com esse objetivo, O Dr. Jake Goodman, R1 de Psiquiatria em um hospital em Miami, é famoso na rede social Tik Tok por fazer vídeos contando sobre seu próprio tratamento contra a doença mental(2). Dessa forma, Goodman mostra que médicos também são vulneráveis a essas doenças e que falar sobre é também uma forma de conscientizar colegas de trabalho sobre a importância do tratamento psíquico e que conversar sobre o tema é libertador e terapêutico.

Na era em que o contato físico é proibido, olhar para o outro nunca foi tão necessário. 

No seu dia-a-dia busque conversar com colegas sobre como estão se sentindo, escute, acolha e também exponha suas frustrações e sofrimentos. Encontrar alguém com os mesmos sentimentos promove aproximação e minimiza a dor de ambos os lados. Assim sendo, Janeiro deve ser o primeiro passo do ano para que você, profissional da saúde, escolha abraçar suas angústias para poder tratá-las e que estenda a mão ao seu colega para que ele também possa se tratar e desse modo, todos irão trabalhar em branco, em maior equilíbrio mental. 

A Academia Médica também é um ambiente saudável para conversar sobre. Sinta-se livre para compartilhar suas histórias e angústias, mas não se esqueça de que apenas isso pode não ser suficiente. Procure um(a) psiquiatra e um(a) psicólogo(a).  

 

REFERÊNCIAS

  1. PAHO. The COVID-19 HEalth caRe wOrkErs Study (HEROES). Informe Regional de las Américas. Jan 2022. Disponível em: https://iris.paho.org/handle/10665.2/55563 

  2. MEDSCAPE. Psychiatry Resident's Viral Posts Reveal His Own Mental Health Battle. Jan 2022. Disponível em: https://www.medscape.com/viewarticle/966776

 


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