Estamos no mês de julho, e com ele, chega uma importante oportunidade para a conscientização e combate às hepatites virais - doenças que afetam milhões de pessoas em todo o mundo e representam uma significativa preocupação para a saúde pública, tanto no Brasil como em uma escala global. No Brasil, a Lei nº. 13.802/2019 designou julho como o mês de luta contra essas condições, uma oportunidade vital para fortalecer as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais.
A hepatite é uma infecção que atinge o fígado, apresentando, em muitos casos, um quadro de evolução silenciosa, onde os sintomas - quando manifestados - podem variar entre cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, entre outros. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Em menor frequência, encontramos também a hepatite D, que ocorre predominantemente na região Norte, e a hepatite E, mais presente na África e Ásia.
Essas infecções possuem diferentes formas de transmissão, como o contato fecal-oral, especialmente em locais com condições precárias de saneamento básico, de higiene pessoal e dos alimentos; relação sexual desprotegida; contato com sangue contaminado; transmissão vertical, de mãe para filho durante a gravidez; e transfusão de sangue ou hemoderivados. Dada a diversidade de formas de contágio, a prevenção das hepatites virais requer uma abordagem multidimensional, que inclui desde a promoção de práticas seguras de higiene e sexo até o uso de vacinas, quando disponíveis.
O grande desafio dessas enfermidades reside no diagnóstico, que muitas vezes é retardado pela ausência de sintomas. A detecção tardia permite que a doença avance, podendo levar a condições como fibrose avançada, cirrose e até o desenvolvimento de câncer hepático, necessitando, em muitos casos, de transplante do órgão.
Neste contexto, o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais se apresenta como uma ferramenta fundamental para a gestão e vigilância dessas doenças. Segundo este instrumento, entre 2000 a 2021, foram diagnosticadas 264.640 pessoas com o vírus da hepatite B e 279.872 com o vírus da hepatite C no Brasil. Essas infecções são as principais causas de doença hepática crônica, cirrose hepática e carcinoma hepatocelular, representando uma questão relevante para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Com a meta de eliminação dessas infecções até 2030, conforme os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda temos um longo caminho a percorrer. Os dados mais recentes mostram uma queda considerável no número de casos notificados desde o início da pandemia de covid-19, o que reforça a necessidade de revisar as estratégias para amplificar o rastreio, diagnóstico e notificação da população.
Assim, enquanto profissionais de saúde, temos a responsabilidade de difundir a conscientização, promover estratégias de prevenção e encorajar o diagnóstico precoce. O mês de julho se destaca como um lembrete do nosso compromisso com a luta contra as hepatites virais, e nos convoca a fortalecer nossos esforços para combater essas doenças.
Para ter acesso a informações detalhadas sobre as taxas de incidência de hepatites virais no Brasil, conforme apresentado no Boletim Epidemiológico, acesse
Boletim Epidemiológico Hepatites Virais / 2022
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Fontes:
- Ministério da Saúde do Brasil. (s.d.). Julho amarelo: Mês de luta contra as hepatites virais. Recuperado em 30 de junho de 2023, de https://bvsms.saude.gov.br/julho-amarelo-mes-de-luta-contra-as-hepatites-virais/
- Ministério da Saúde do Brasil. (2022). Boletim epidemiológico de hepatites virais 2022: Número especial. Recuperado em 30 de junho de 2023, de https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/especiais/2022/boletim-epidemiologico-de-hepatites-virais-2022-numero-especial/view