A pandemia de COVID-19 apresentou desafios sem precedentes para o setor de saúde, evidenciando não apenas condições de estresse adversas mas também a capacidade de inovação na gestão hospitalar. Este período crítico foi marcado pelo aumento do absenteísmo, da rotatividade de pessoal, da queda de moral e da redução da produtividade, impulsionando os executivos e gestores a desenvolverem estratégias eficazes que abordaram tanto os desafios imediatos quanto as necessidades de longo prazo da força de trabalho.
As intervenções adotadas durante os picos de COVID provaram ser vitais não apenas para o enfrentamento da crise mas também como práticas duradouras que continuam a orientar a gestão hospitalar na promoção da retenção e resiliência dos trabalhadores de saúde. Um estudo do Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) em julho de 2021 ilustra a magnitude do impacto psicológico da pandemia, revelando que 53% dos 26.174 trabalhadores de saúde pública nos EUA relataram sintomas de pelo menos uma condição de saúde mental, tais como depressão, ansiedade, TEPT e ideação suicida. Esses sintomas têm sido diretamente associados a um declínio no desempenho funcional das equipes, evidenciando a necessidade de intervenções focadas no bem-estar emocional e físico.
No ambiente de saúde, os profissionais enfrentaram estresse severo devido ao aumento das responsabilidades, ao luto pelas mortes causadas pelo vírus, ao medo de contágio e à ansiedade gerada pelos impactos contínuos da pandemia. Tais desafios levaram a um aumento na rotatividade de pessoal e à emergência de problemas organizacionais e sociais.
Diante dessas adversidades, os executivos hospitalares assumiram um papel crucial, não apenas ao apoiar a força de trabalho, mas também ao modelar e construir uma cultura de bem-estar que promove tanto a retenção quanto a resiliência. Entre as abordagens práticas implementadas, destacam-se:
1. Envolver a força de trabalho na identificação de problemas e soluções: criar canais para que os funcionários expressem suas preocupações e sugestões, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e valorizadas.
2. Fortalecer a comunicação e o suporte mútuo: manter comunicações regulares e transparentes durante os turnos, e promover um ambiente onde o suporte emocional é acessível e encorajado.
3. Promover uma liderança visível e acessível: incentivar os líderes a estar fisicamente presentes nas unidades, engajando-se diretamente com as equipes para reforçar uma cultura de abertura e cooperação.
4. Desenvolver recursos de apoio ao profissional: oferecer programas que ajudem os profissionais a lidar com o estresse e a fadiga, incluindo apoio psicológico e facilidades para descanso e recuperação durante os turnos.
5. Reconhecer e processar o luto e a perda: organizar atividades e espaços para que os trabalhadores possam lamentar e memorizar as perdas, equilibrando o reconhecimento do sofrimento com a celebração das recuperações e sucessos.
Ao consolidar essas práticas, os hospitais não só melhoram o ambiente de trabalho, mas também elevam a qualidade do cuidado ao paciente. As experiências aprendidas durante um período crítico, destacam como essas lições devem continuar sendo aplicadas para moldar o futuro da gestão na saúde.
Referência:
Assistant Secretary for Preparedness and Response. (n.d.). Hospital executive practical approaches. U.S. Department of Health & Human Services. Retrieved April 19, 2024, from https://aspr.hhs.gov/behavioral-health/Pages/hospital-exec-practical-approaches.aspx