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Maria Montessori: educar é o melhor remédio! - Parte 2

Maria Montessori: educar é o melhor remédio! - Parte 2
Luan Gustavo
ago. 25 - 6 min de leitura
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Seja bem-vindo à coluna Historynemia que conta as histórias de personagens importantes da medicina e suas contribuições para a sociedade. Fique à vontade para comentar, curtir e compartilhar com seus amigos. 

Vamos lá?

 

As primeiras experiências de uma médica recém formada

No ano de 1896, Maria se torna uma das primeiras mulheres a se formar em medicina pela universidade de Roma, ela então começa trabalhar como assistente cirúrgica no Hospital Santo Espírito que existe desde o século VIII em Roma. Ela também prestava seus atendimentos particulares, era Catedrática de Higiene em um colégio para mulheres, o Magistero Femminile, além de ser examinadora externa na Faculdade de Pedagogia. As áreas de pedagogia e higiene eram as mais aceitas para as mulheres na época. Exercer a medicina não era uma tarefa fácil pra uma mulher no início do século XX, as “normas” ou os “tabus” sociais da época dificultavam bastante o dia delas. Ela não poderia, por exemplo, atender homens sozinha, enquanto os homens sim, poderiam atender as mulheres.

Durante a graduação ela sempre gostou dos temas relacionados à psiquiatria. Então pra ela em 1897, se tornar médica assistente na Clínica Psiquiátrica da Faculdade de Roma, foi um caminho até que natural. Por ser mulher ela não poderia ser oficializada como funcionária da instituição nesse cargo, o máximo que ela conseguia era ir ganhando alguma experiência alí como voluntária. E aqui a gente já passa a ter uma ideia qual era o contexto em que se desenvolveu a vida e a  carreira de Montessori, pelo menos nessa fase, em um meio extremamente machista, com pouco respeito às vontades e ambições das mulheres. Supostamente ela não precisava de salário, já que sendo bela, recatada e do lar ela certamente contaria com o suporte financeiro de um marido.

 

Ouça esse texto na íntegra no seu agregador de podcasts favoritos, busque por @historynemia

 

Uma das tarefas exercidas por ela era visitar abrigos destinados a pacientes psiquiátricos pela cidade, numa dessas visitas ela tomou conhecimento do estilo de vida das “crianças idiotas”, o termo usado na época era exatamente esse, e refere-se às crianças com algum tipo de incapacidade mental ou física. Nos lugares que ela visitou não existia uma divisão ou uma atenção especial destinada a adultos ou crianças, os pacientes ficavam todos no mesmo lugar. Ela ficou chocada ao perceber que o único objetivo do local era praticamente manter as crianças vivas. O ambiente era estéreo, monótono, escuro, sem estímulo algum, nada que pudesse entreter e ocupar a mente dos bambini. Diante desse cenário, conforme as visitas foram evoluindo, Maria logo começou a desconfiar que talvez o suposto problema mental das crianças não seria algo de natureza médica, talvez fosse, na verdade, um problema pedagógico. Diante desses devaneios a carreira dela mudaria irreversivelmente. 

 

Maria se afasta cada vez mais da medicina

Ela começa buscar maneiras de ajudar essas crianças, a princípio por meio das ramas da medicina, e aos poucos, gradativamente, ela foi se embrenhando no mundo da educação. No ano de 1900 ela assume um cargo de codiretora na Escola Estatal Ortofrênica, com um pouco mais de liberdade ela começa a tirar as crianças desses ambientes desfavoráveis ao desenvolvimento delas e começa a abrigá-las numa ala que estava desocupada no Hospital de Roma. Durante seus estudos sobre as possibilidades de um tratamento mais humanizado e efetivo para as crianças consideradas com problemas mentais ela se deparou com um trabalho de dois doutores que chamou bastante a sua atenção. Eram os médicos franceses Jean-Marc-Gaspar Itard e Edouard Séguin, que haviam desenvolvido seus trabalhos mais ou menos uns 100 anos da carreira da Montessori. O Séguin morreu quando a Maria tinha 10 anos de idade, ele foi aluno de Itard que trabalhava com a educação de crianças surdas-mudas, além disso ele trabalhou com um menino francês chamado Victor de Aveyron, esse menino teria vivido sozinho numa floresta até o início de sua adolescência, e o Itard atendeu esse menino por alguns anos, quando ele deixou de viver nas florestas e tentou reeducá-lo.

Uma das maneiras que ela encontrou para se aprofundar em seus estudos foi traduzir a mão um livro de 600 páginas de autoria do Séguin, ela traduziu do francês pro italiano e desse modo ela pode ter um longo contato com o material e absorver muito do conteúdo. Baseando-se nos materiais educativos descritos pelos franceses  ela começou a criar seus próprios materiais na intenção de ver se aquilo funcionaria para as crianças dela, se seria bem aceito...

Esses materiais visavam oferecer algum estímulo para as crianças, entreter elas. A intenção era proporcionar um ambiente diferente do que as crianças viviam anteriormente e os objetos que ela criou exploravam os sentidos dessas crianças. Eles deveriam ser autocorretivos, sequenciais, com conceitos básicos e de fácil entendimento. Conceitos como liso/áspero estimulavam o tato das crianças, grande/pequeno, estimulavam a visão, o cheiro das coisas, o gosto também eram explorados nesse método de ensino. E deu certo, várias das crianças consideradas deficientes aprenderam a ler e a escrever, tiraram boas notas nos exames. O trabalho de Maria Montessori começava a ganhar notoriedade.

 

Você pode conferir a primeira parte dessa história empolgante sobre a heroína da educação aqui  a continuação da história dessa médica/educadora na próxima quarta-feira, aqui na Academia Médica.

 

 

 


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