Você sabia que as médicas acadêmicas que dedicam a vida profissional à pesquisa são mais prejudicadas em tempos de pandemia e estão mais propensas a abandonar a ciência e sofrer com a falta de financiamento das pesquisas e falta de apoio das instituições? Essa é uma das principais conclusões do artigo Pandemic-related barriers to the success of women in research: a framework for action, publicado na Nature em fevereiro deste ano.
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O trabalho foi assinado por sete cientistas que são associados a universidades renomadas dos EUA e revela as principais barreiras que fazem com que as pesquisadoras deixem sua carreira de lado. São elas:
Acúmulo de jornadas de trabalho e responsabilidades redobradas não só na pesquisa acadêmica e no exercício da medicina, como também no ambiente doméstico;
Responsabilidade materna: mulheres com filhos possuem 3 vezes mais chances de recusar cargos de liderança em relação às que não são mães;
Desigualdade de oportunidades na carreira em relação aos homens;
Maior dificuldade de submeter artigos acadêmicos devido à sobrecarga de responsabilidades;
Falta de equidade na distribuição de bolsas e financiamentos para a pesquisa.
Os autores ainda destacaram que além das mulheres, há grupos em situação de maior vulnerabilidade na área acadêmica neste momento como, por exemplo: cientistas LGBTQIA + e pessoas com deficiência.
Uma das principais dificuldades que afetam as mulheres na produção acadêmica é a desigualdade de gênero que se materializa na divisão desigual das responsabilidades de cuidado doméstico e, consequentemente, na maior dificuldade de se dedicar ao trabalho científico.
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O que pode ser feito para reduzir as barreiras enfrentadas pelas mulheres acadêmicas no cenário atual?
Além de evidenciar os fatores negativos que afetam a carreira acadêmica das médicas, as autoras/autores da publicação fizeram algumas recomendações que podem ajudar na redução das barreiras enfrentadas pelo grupo. Basicamente, as sugestões consistem em:
Investimento em bolsas de pesquisa e financiamentos por parte das instituições de pesquisa que consideram as necessidades específicas das mulheres e suas responsabilidades adicionais como o cuidado das crianças e/ou idosos;
Investimento em esforços globais para reduzir as desigualdades de gênero e mudar as normas sociais que colocam as mulheres em um papel central de cuidado e não fazem a mesma cobrança em relação aos homens;
Compromisso com mudanças operacionais e culturais por parte das instituições e programas de pesquisa.
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Referência
- DAVIS, Pamela B. et al. Pandemic-related barriers to the success of women in research: a framework for action. Nature Medicine, v. 28, n. 3, p. 436-438, 2022. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41591-022-01692-8. Acesso em 07 de abril de 2022.