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Neuropatia associada à Teriflunomida em pacientes com esclerose múltipla

Neuropatia associada à Teriflunomida em pacientes com esclerose múltipla
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ago. 16 - 3 min de leitura
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A teriflunomida é um agente ativo amplamente utilizado no tratamento da esclerose múltipla (EM). Ela representa uma alternativa oral à medicação injetável e atua por meio da inibição seletiva e reversível da diidroorotato desidrogenase, enzima mitocondrial essencial para a síntese de pirimidina. Essa ação limita a proliferação de células T e B ativadas, reduzindo a inflamação no sistema nervoso central.

Embora seja eficaz, a teriflunomida, como todos os medicamentos, pode apresentar efeitos adversos. Os mais comuns são diarreias, náusea, aumento da alanina aminotransferase e afinamento dos cabelos. Entretanto, um efeito colateral mais raro, mas de considerável gravidade, é a neuropatia periférica.

Um estudo publicado no Journal of The Brazilian Medical Association em agosto de 2023, detalha anormalidades em estudos de condução nervosa em pacientes com EM tratados com teriflunomida, com destaque para as anormalidades nos nervos peroneais. Estas foram de natureza tanto axonal quanto desmielinizante. Isso é relevante, visto que a EM é uma doença desmielinizante central, e a neuropatia periférica pode complicar o quadro clínico dos pacientes.

No estudo, realizado de janeiro de 2020 a 2021 em um hospital terciário, foram incluídos pacientes entre 18 a 65 anos com diagnóstico de EM de acordo com os critérios McDonald 2017, além de controles saudáveis. Foram excluídos pacientes com alta incapacidade ou que tivessem histórico de doenças causadoras de neuropatia.

Os participantes foram distribuídos em três grupos: 42 pacientes em teriflunomida, 18 utilizando outros DMTs (Medicamentos Modificadores da Doença) e 25 controles saudáveis. A duração média do tratamento com teriflunomida foi de 26 meses. Coletaram-se informações clínicas e demográficas, incluindo níveis de vitamina B12, glicose em jejum e HbA1c. Posteriormente, os participantes foram submetidos a estudos de condução nervosa para medir métricas eletrofisiológicas.

Um desafio no tratamento é determinar se as queixas neuropáticas decorrem da patologia da EM ou se são resultados de uma polineuropatia concomitante. Estudos eletrodiagnósticos, como a eletromiografia (EMG), são ferramentas valiosas para fazer essa distinção.

Assim, o estudo destaca que, embora a teriflunomida seja um tratamento eficaz para a EM, os especialistas devem estar alertas quanto ao potencial efeito colateral da neuropatia periférica. É fundamental monitorar os pacientes regularmente para detectar sinais precoces de neuropatia e avaliar alternativas terapêuticas quando a neuropatia é suspeita. E reforça, a importância do monitoramento contínuo e da avaliação individualizada no tratamento da EM, assegurando que os benefícios da terapia superem os riscos associados.



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Referência: 

Kilic, A. K., Suzan, A. A., Bulut, A., & Sahbaz, G. (2023). Neuropathy in multiple sclerosis patients treated with teriflunomide. Revista da Associação Médica Brasileira, 69, e20221514.


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