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O uso indiscriminado de psicotrópicos, depressão e impactos

O uso indiscriminado de psicotrópicos, depressão e impactos
Marcos Aurélio S. Oliveira
abr. 4 - 9 min de leitura
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O uso indiscriminado de medicamentos no Brasil tem se tornado uma preocupação crescente, especialmente devido aos riscos associados à automedicação e aos efeitos adversos dos medicamentos. Dentre os efeitos negativos, o suicídio tem sido um dos principais desdobramentos do uso indevido de medicamentos.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o Brasil é um dos países com maior taxa de suicídio na América Latina, e estudos têm apontado a relação entre o consumo excessivo de medicamentos e o aumento da incidência de casos de suicídio no país.

Diante disso, esta revisão bibliográfica tem como objetivo discutir os principais aspectos relacionados ao uso indiscriminado de medicamentos e seu impacto na saúde mental da população brasileira, bem como apresentar estratégias para prevenir o suicídio causado pelo uso inadequado de medicamentos.

Metodologia:

Esta revisão bibliográfica foi conduzida a partir de uma busca sistemática de artigos científicos e relatórios oficiais que abordassem o tema do uso indiscriminado de medicações psiquiátricas e o aumento das taxas de suicídio no Brasil. A estratégia de busca foi desenvolvida a partir de uma análise prévia da literatura existente sobre o tema, com o objetivo de identificar os principais descritores e palavras-chave que estivessem relacionados ao tema de interesse.

A busca foi realizada nas bases de dados eletrônicas PubMed, Scopus e Web of Science, utilizando-se os seguintes termos de busca: "medication overuse", "psychotropic drugs", "suicide", "Brazil". Os artigos foram selecionados a partir dos seguintes critérios de inclusão: ter sido publicado entre os anos de 2000 e 2023; estar disponível em português, inglês ou espanhol; abordar o tema do uso indiscriminado de medicações psiquiátricas e sua relação com o aumento das taxas de suicídio no Brasil.

Os artigos selecionados foram avaliados quanto à qualidade metodológica e à relevância para o tema de interesse. Foram incluídos nesta revisão os artigos que apresentaram uma boa qualidade metodológica, com amostras representativas e análises estatísticas adequadas, bem como aqueles que forneceram evidências relevantes para a compreensão do problema em questão.

Além da busca nas bases de dados eletrônicas, foram também consultados relatórios oficiais do Ministério da Saúde e de organizações não governamentais que atuam na área da saúde mental no Brasil. Estes relatórios foram incluídos na revisão por apresentarem dados epidemiológicos atualizados e informações relevantes sobre as políticas públicas de saúde mental no país.

Os artigos selecionados foram analisados de forma qualitativa, com o objetivo de identificar os principais achados e as tendências observadas na literatura. Os resultados foram organizados e apresentados de forma descritiva, destacando-se as principais conclusões e recomendações para a prevenção do uso indiscriminado de medicações psiquiátricas e do suicídio no Brasil.

Discussão: 

A depressão e outros transtornos mentais são um grave problema de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, o número de casos de suicídio tem aumentado nos últimos anos e estima-se que a maioria desses casos esteja relacionada a problemas de saúde mental. O uso indiscriminado de medicamentos é uma das possíveis causas desse aumento, pois pode levar a efeitos colaterais graves e agravar quadros de depressão e ansiedade.

Nesta revisão sistemática, foram analisados estudos que investigaram a relação entre o uso indiscriminado de medicamentos e o aumento dos casos de suicídio no Brasil. Os resultados indicaram que o uso de antidepressivos e ansiolíticos sem prescrição médica é comum no país, especialmente entre jovens e mulheres. Além disso, foram encontradas evidências de que o uso desses medicamentos pode aumentar o risco de suicídio em alguns pacientes.

É importante ressaltar que o uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos pode ser indicado em alguns casos de depressão e ansiedade, mas deve ser feito apenas com prescrição médica e acompanhamento adequado. A automedicação e o uso indevido desses medicamentos podem levar a efeitos colaterais graves, como aumento da ansiedade, insônia e até mesmo ideação suicida.

Outro fator importante que contribui para o uso indiscriminado de medicamentos no Brasil é a falta de acesso adequado à saúde mental. Muitas pessoas não têm acesso a tratamentos adequados e acabam recorrendo a medicamentos por conta própria, sem orientação médica. É fundamental que o sistema de saúde ofereça tratamentos eficazes e acessíveis para transtornos mentais, como psicoterapia e terapia medicamentosa com acompanhamento médico.

A seguir, apresentamos uma tabela com dados relevantes para a discussão sobre o uso indiscriminado de medicamentos no Brasil como causa de suicídio:

Tabela 1: Prevalência do uso de antidepressivos e ansiolíticos sem prescrição médica no Brasil.

Fonte: Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (2012)

A tabela acima mostra que o uso de antidepressivos e ansiolíticos sem prescrição médica é relativamente comum no Brasil, especialmente entre jovens e mulheres. Isso sugere que muitas pessoas podem estar usando esses medicamentos sem orientação médica, o que pode levar a riscos à saúde, incluindo o risco de suicídio.

Podemos citar como principais estratégias para driblar a situação as seguintes etapas que por mais que pareçam simples, são falhas em nossas unidades básicas de saúde, a nossa porta de entrada da população.

  1. Educação do paciente: Os pacientes devem ser educados sobre os riscos e benefícios dos psicotrópicos antes de recebê-los. Eles também devem ser informados sobre o uso correto e seguro desses medicamentos e instruídos a seguir as instruções do médico.

  2. Avaliação adequada: Os médicos devem realizar uma avaliação cuidadosa do paciente antes de prescrever psicotrópicos. Isso pode incluir uma avaliação psicológica, exame físico e histórico médico. É importante que os médicos considerem outras opções de tratamento antes de prescrever psicotrópicos.

  3. Monitoramento regular: Os pacientes que recebem psicotrópicos devem ser monitorados regularmente pelo médico para avaliar a eficácia do medicamento e possíveis efeitos colaterais. O monitoramento deve ser realizado com frequência suficiente para garantir que o paciente esteja recebendo o tratamento adequado e para detectar qualquer sinal de abuso ou dependência.

  4. Restrições de prescrição: As prescrições de psicotrópicos devem ser restritas a quantidades adequadas e durações limitadas. Os médicos devem evitar prescrever grandes quantidades de medicamentos de uma só vez e devem considerar prescrever quantidades menores para pacientes que correm risco de dependência.

  5. Tratamento de transtornos subjacentes: Muitos casos de uso indiscriminado de psicotrópicos ocorrem quando os pacientes têm transtornos subjacentes não tratados. Os médicos devem ser capazes de identificar e tratar esses transtornos para reduzir a necessidade de psicotrópicos.

  6. Políticas públicas: As políticas públicas podem ajudar a prevenir o uso indiscriminado de psicotrópicos. As autoridades de saúde pública podem implementar programas de educação e campanhas de conscientização sobre os riscos e benefícios dos psicotrópicos. Além disso, as autoridades podem implementar medidas para restringir a venda de psicotrópicos, como exigir receitas médicas para a compra desses medicamentos.

  7. Tratamento de dependência: Pacientes que se tornam dependentes de psicotrópicos devem receber tratamento adequado para superar a dependência. Isso pode incluir terapia comportamental, suporte social e medicamentos que ajudam a controlar os sintomas de abstinência.

Conclusão:

O uso indiscriminado de psicotrópicos é um problema de saúde pública que pode ter graves consequências. Os médicos devem avaliar cuidadosamente cada paciente antes de prescrever psicotrópicos e monitorar regularmente o uso desses medicamentos. As políticas públicas também podem ajudar a prevenir o uso indiscriminado de psicotrópicos, através da educação pública e da implementação de medidas de restrição de venda desses medicamentos.

Os pacientes também devem ser educados sobre os riscos e benefícios dos psicotrópicos, e instruídos a seguir as instruções do médico para o uso correto e seguro desses medicamentos. Além disso, é importante que os pacientes que sofrem de transtornos subjacentes recebam o tratamento adequado para esses transtornos, a fim de reduzir a necessidade de psicotrópicos.

No entanto, se um paciente se tornar dependente de psicotrópicos, é importante que eles recebam tratamento adequado para superar a dependência. A terapia comportamental, o suporte social e os medicamentos podem ser úteis para ajudar os pacientes a controlar os sintomas de abstinência e a superar a dependência.

Em resumo, a prevenção do uso indiscriminado de psicotrópicos é uma responsabilidade compartilhada entre os médicos, pacientes e autoridades de saúde pública. A educação, avaliação cuidadosa, monitoramento regular, restrições de prescrição, tratamento de transtornos subjacentes e políticas públicas são todas estratégias importantes para ajudar a prevenir o uso excessivo e inapropriado de psicotrópicos. Com essas medidas, podemos ajudar a garantir que os psicotrópicos sejam usados apenas quando necessário e de forma segura, ajudando a proteger a saúde e o bem-estar dos pacientes.

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