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A pele como um órgão biopsicossocial

A pele como um órgão biopsicossocial
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dez. 7 - 4 min de leitura
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A pele como um órgão biopsicossocial

Imagem... Aparência... Estética... Uma reflexão ou debate iniciado sobre esses termos dificilmente não ocorrerá associação à superficialidade. Quando pensamos em uma cirurgia plástica, não é a recuperação da forma ou função que nos vem à mente, e sim uma mudança para padrões mais desejados pela sociedade, seja por uma aplicação de silicone ou qualquer outro ajuste corpóreo. Vale adiantar que em hipótese alguma, meu objetivo aqui é desmerecer tais procedimentos, até porque o impacto psicológico no indivíduo que os realizam, com responsabilidade, reflete diretamente na sua saúde. Contudo, gostaria de remover do enfoque aqueles que buscam uma melhor satisfação e mover os holofotes para aqueles que desejam apenas serem aceitos. E para isso utilizarei como problemática a principal interface indivíduo x mundo: a pele.

A importância biológica desse órgão é inquestionável. Nossa primeira barreira de defesa, a regulação da temperatura, o aspecto sensorial... Entretanto, é sua função psicossocial que agora me interessa. Raramente você pensará sobre isso, caso não tenha uma situação próxima a você. Consequentemente, como estudantes/profissionais de saúde não especialistas, subestimamos suas alterações no dia a dia do paciente pela falta dessa reflexão. E antes que eu possa prosseguir, um exercício empático pode ser rapidamente realizado: apenas se imagine com uma lesão crônica de tamanho considerável na sua face realizando sua rotina. Será que você conseguiria o mesmo emprego (atual ou futuro)? O mesmo companheiro(a)? Teria o mesmo entusiasmo em conversar com as pessoas e de fazer suas atividades? Vergonha, baixa autoestima e até depressão podem compor o emocional de um indivíduo nessa situação. A sociedade ainda não está pronta para lidar com o que foge o padrão e como nosso papel é, independente dessa triste realidade, melhorar a saúde de nosso paciente, essa reflexão se faz necessária.

Ingenuidade seria limitar esses problemas apenas ao aspecto estético. Beleza pode até ser discutível, porém a ignorância de grande parte da população sobre o patológico não. Quero me referir ao preconceito do “possivelmente contagioso” que uma doença tegumentar carrega. Uma simples alteração pigmentar como o vitiligo já é suficiente para que pessoas se afastem e situações constrangedoras se formem diariamente para um portador. E por mais reduzida que você tenha imaginado a lesão no exercício proposto, sabemos que até uma vesícula labial é suficiente para levantarem uma autoproteção com base em uma enxurrada de julgamentos.

Portanto, a pele é o órgão que afeta diretamente a saúde nos três aspectos do ser biopsicossocial preconizado pela Organização Mundial de Saúde. E se o cuidar é a nossa bandeira, a pele não pode ser subestimada no nosso exame.

Após essa reflexão propagada, te convido agora a estudar o aspecto que negligenciei propositalmente nesse texto: o biológico. Há uma extensa teoria a ser abordada, por mais que na prática semiológica o exame tegumentar seja relativamente rápido. Ou seja, precisamos saber como avaliar e registrar todas as características da pele que podem ajudar em um diagnóstico: coloração, umidade, textura, espessura, temperatura, elasticidade, mobilidade, turgor, sensibilidade e as lesões elementares que possui um vídeo dedicado. Até porque abordar mancha, mácula, eritema, púrpura, petéquia, equimose, pápula, placa, vesícula, bolha, pústula, abscesso, escoriação, crosta e outras lesões não tem como ser rápido nem apenas citando.

#MR SEMIOLOGIA - ASPECTOS DA PELE

#MR SEMIOLOGIA - LESÕES ELEMENTARES DA PELE

Uma ótima semana, um forte abraço e até a próxima no Medicina Resumida!


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