Em um relatório abrangente publicado pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA (NASEM), especialistas destacam a urgente necessidade de estabelecer novos padrões na indústria de mídias sociais com o objetivo de proteger a saúde mental dos adolescentes. A análise surge em um contexto de crescente preocupação com o impacto negativo do aumento do uso de smartphones e mídias sociais entre os jovens, correlacionando-se com um declínio na saúde mental, conforme alertado anteriormente pelo Diretor de Saúde Pública dos EUA , Vivek Murthy, MD, MBA.
Fonte: Anderer S., 2024
Kara Bagot, MD, psiquiatra de crianças e adolescentes na Universidade da Califórnia, Los Angeles, e editora na JAMA Psychiatry, saudou o relatório por sua abordagem detalhada e multifacetada, que inclui recomendações para formuladores de políticas, empresas de mídia social e outros stakeholders na vida das crianças. O relatório pede ações coordenadas para mitigar os danos potenciais e explorar os benefícios das mídias sociais.
🧒🏻Desafios e Recomendações para Plataformas Sociais Mais Seguras
O comitê do relatório enfatiza a necessidade de padrões que promovam a proteção da saúde mental ao longo do tempo, encorajando a educação em alfabetização midiática e implementando estratégias para prevenir interações prejudiciais online. A pesquisa futura deve focar em estabelecer conexões causais entre características específicas das mídias sociais e efeitos na saúde mental, permitindo intervenções mais direcionadas.
A pesquisa existente já identifica várias áreas de preocupação, como comparações sociais prejudiciais, cyberbullying, exploração sexual online e a interferência das mídias sociais no sono, exercício físico, estudos e atenção dos adolescentes. Tais impactos negativos requerem uma abordagem cuidadosa e baseada em evidências para a reformulação das plataformas de mídia social.
🧒🏻Promovendo Benefícios e Educando os Usuários
Apesar dos desafios, o relatório também reconhece o potencial positivo das mídias sociais em conectar amigos e familiares, apoiar jovens marginalizados e fomentar o aprendizado. Recomenda-se que a Organização Internacional para Padronização desenvolva critérios para o design de plataformas de mídia social, focando em transparência e uso ético de dados.
A educação em alfabetização midiática surge como um componente crucial para criar consumidores informados, com apelos para mais investimentos e um currículo padronizado em programas educacionais. O Departamento de Educação e o Conselho para a Acreditação da Preparação de Educadores são chamados a dar mais ênfase a essa formação.
🔎Futuro da Pesquisa e Implicações Clínicas
O relatório conclui com um chamado a financiadores de pesquisa para apoiar estudos sobre as mídias sociais e a saúde dos adolescentes, destacando a importância de desenvolver ferramentas validadas, estabelecer estudos de coorte de longo prazo e auditar algoritmos de mídias sociais.
A formação de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde deve incluir conhecimentos sobre os efeitos das mídias sociais na saúde infantil e adolescente, enfatizando a importância de recursos como o Centro Nacional de Excelência em Mídias Sociais e Saúde Mental dos Jovens da Academia Americana de Pediatria.
Este relatório portanto, lança luz sobre a complexidade do impacto das mídias sociais na saúde mental dos adolescentes, enfatizando a necessidade de uma abordagem colaborativa e baseada em evidências para proteger e promover o bem-estar nessa população.
Referência:
Anderer S. Social Media Industry Standards Needed to Protect Adolescent Mental Health, Says National Academies. JAMA. 2024;331(7):552–553. doi:10.1001/jama.2023.28259