A pandemia da Covid-19 instaurou uma mudança na rotina social da população, em que uma nova doença, sobre a qual diversas incertezas existem sobre o ponto de vista científico, desencadeou a instalação do distanciamento social como forma preventiva da doença e para interromper o processo de transmissão da mesma. No entanto, apesar do isolamento ser necessário, a sensação de insegurança e de incerteza quanto à perspectiva social contribui para a manifestação de efeitos psicológicos nos indivíduos, que se agravam com a perduração deste isolamento. Somado a isso percebemos a intensificação de preocupações consigo e com os outros durante a pandemia, o que contribui para uma rotina de desgaste emocional.
Os efeitos psicológicos desse processo podem se manifestar como humor deprimido e irritabilidade principalmente, mas também estão presentes a insônia induzida por ansiedade, desequilíbrio emocional, raiva e estresse pós-traumático. Revisões científicas apontam que estar sob quarentena e ter trabalhado em empregos de alto risco contribuem para os efeitos a longo prazo na saúde mental. (BROOKS, 2O2O)
Os profissionais da saúde podem ter efeitos na saúde mental mais graves que a população geral, pois neste momento se apresentam como o grupo social com maior responsabilidade no processo de assistência e cuidado de indivíduos infectados. Nesse caso, outros fatores estressores como a expectativa social, demanda no trabalho, estigma com o comportamento dos profissionais intensificam a exaustão, irritabilidade, distanciamento das relações interpessoais, insônia, dificuldade em concentração e na tomada de decisões.(BROOKS,2020)
Neste cenário de crise global de saúde, não podemos minimizar e relativizar os impactos psicológicas sobre os seres sociais e em contrapartida enfatizar o cuidado apenas para a esfera de doença causada pela Covid-19. Seguir esse preceito de minorar a importância da saúde mental, contradiz o princípio de integralidade do Sistema Único de Saúde brasileiro, que prevê o cuidado assistencial ao indivíduo em todas as suas necessidades para o bem estar.
As consequências psicológicas da pandemia nos motiva a intervir na saúde mental por meio do aprimoramento nos ajustes emocionais diários, que se expressam como um desafio individual e coletivo. Alguns órgãos de saúde internacionais como a Organização Mundial da Saúde e European Centre for Disease Prevention and Control, além do Ministério da Saúde brasileiro têm destacado a importância da saúde mental neste período de crise de saúde. A saúde mental coletiva de qualidade também viabiliza a superação de uma crise no país, sendo fundamental também para o processo de reconstrução social, profissional e educacional no cenário pós- pandemia.
Algumas alternativas para manter o equilíbrio mental é aprimorar a comunicação interpessoal e fortalecer os laços de relacionamentos familiares e de amigos, manter-se informado sobre a doença com conhecimento seguro e de qualidade, providenciar atividades de estudo, trabalho e lazer para manter-se ativo como indivíduo. É importante destacar que é necessário aumentar o incentivo à busca por apoio psicológico e psiquiátrico por parte dos indivíduos que estejam com a saúde mental prejudicada.
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Roberta Fittipaldi é colaboradora da Academia Médica e professora do curso Ventilação Mecânica Online, uma um curso para se manter atualizado e ainda aprender de vez Ventilação Mecânica, com o intuito de melhorar a qualidade e segurança do paciente, intensivo ou não, que necessita de suporte ventilatório.
É também doutora em Ventilação Mecânica pela FMUSP, especialista em Educação Medica pela Harvard TH Chan e médica intensivista das UTIs respiratórias do HIAE e Incor.
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Texto elaborado pela Acadêmica de Medicina Isabela Dias Pereira
Texto revisado pela Dra. Roberta Fittipaldi Palazzo
Referências:
BROOKS, Samantha K. et al. The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence. The Lancet, 2020.
FARO, André et al. COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 37, 2020.