Terapêutica Digital, do inglês Digital Therapeutics (DTx), fornece intervenções terapêuticas baseadas em evidências para pacientes que são orientados por programas de software para prevenir, gerenciar ou tratar um distúrbio ou doença médica. Eles são usados independentemente ou em conjunto com medicamentos, dispositivos ou outras terapias para otimizar o atendimento ao paciente e os resultados de saúde.
Os DTx incorporam as melhores práticas de tecnologia relacionadas a design, validação clínica, usabilidade e segurança de dados. Eles são validados pelos órgãos reguladores, como FDA (Food and Drug Administration) nos EUA, para balizar as questões relacionadas ao risco, eficácia e uso pretendido. No Brasil, o termo se popularizou como terapia digital.
Atualmente, na base de publicações PubMed, especializada na área de saúde, já existem 28 artigos relacionados com o termo "Digital Therapeutics", a grande maioria publicada a partir de 2018. Em Sverdolov et al. o termo é descrito como sendo relacionado a um produto baseado em tecnologia que tenha passado por validação clínica tais como sistemas digitais, aplicativos entre outros e que tenham impacto direto no diagnóstico, prevenção, monitoramento ou tratamento de doenças ou síndromes.
Para a consultoria Deloitte, eles são semelhantes aos populares aplicativos de bem-estar, mas com uma diferença fundamental: concentram-se no fornecimento de resultado clínicos. São tratamentos comportamentais baseados em evidências entregues online que podem aumentar a acessibilidade e a eficácia dos cuidados de saúde. A característica chave de terapia digital é a otimização de um tratamento.
Condições para ser considerado um DTx envolvem autorização por um órgão regulador como o FDA ou CE (Certificado Europeu), lembrando que no Brasil a ANVISA ainda não possui uma regulamentação para esses casos. A terapêutica digital deve ser clinicamente validada e seu procedimento ser remunerado. Deve existir a coleta de dados e o loop de feedback instantâneo. Deve ser conectado ao fluxo de trabalho clínico e a prescrição deve ser realizada por um profissional de saúde que irá recomendar ou prescrever um DTx.
Seu potencial de uso está em oferecer aos pacientes, prestadores e operadoras novas opções de terapia para necessidades médicas não atendidas:
- Ser utilizado independentemente ou em conjunto com outras terapias;
- Aprimorar e apoiar os tratamentos médicos atuais;
- Permitir a redução da dependência de certos produtos farmacêuticos;
- Promover a integração das diretrizes médicas e às melhores práticas para entregar uma experiência do paciente com melhores resultados.
Em setembro de 2017, o reSET da empresa PEAR Therapeutics, que atualmente é comercializada pela SANDOZ (novartis company), tornou-se a primeira terapia digital aprovada pelo FDA. Ela trata pessoas com transtorno de uso de opioides e com transtorno de uso de substâncias. É importante comentar que uma terapia digital pode ser prescrita com ou sem combinações com uma farmacoterapia. É importante não confundir a terapia digital com serviços de teleconsulta ou teleatendimento, muito comum nos portfólios de startups. O sucesso de uma terapia digital requer três fases (Valerio Netto, 2020):
Para Matthew Bonam, diretor da Astrazeneca, administrar terapias de maneira tradicional não atenderá aos requisitos de futuros cuidados de saúde e não maximizará o acesso aos tratamentos. Ele comenta que as empresas farmacêuticas e seus parceiros de tecnologia estão dedicando investimentos significativos ao desenvolvimento de soluções para pacientes "além da pílula". Muito desse esforço está na integração de medicamentos com dispositivos e tecnologia digital para maximizar a eficácia das terapias dos pacientes e atender às necessidades dos futuros sistemas de saúde.
Para Bonam, o mercado já se transformou e é questão de tempo a popularização das terapias digitais. Essa também é a opinião de Eugene Borukhovich, Global Head of Digital Innovation da Bayer, e de Megan Coder, diretora executiva da Digital Therapeutics Alliance. Desde 2018, vêm ocorrendo diversos eventos sobre o tema como o Health 2.0 Barcelona, Yale Digital Medicine Symposium, AWS Healthcare & Life Science Symposium, Digital Health Summit do CES (Consumer Electronics Show), entre outros. Agora é pagar para ver!