A calcificação degenerativa da valva aórtica é considerada a causa mais comum de estenose aórtica nos países desenvolvidos, sendo a mais frequente indicação de substituição da valva aórtica.
Para isso, pode-se lançar mão de duas técnicas: substituição cirúrgica da válvula aórtica (SCVA) ou implante de valva transcateter (TAVI). A decisão da melhor abordagem deve levar em consideração a idade e o risco cirúrgico do paciente, além de fatores clínicos, anatômicos e de procedimento.
A expectativa de vida após a substituição da valva aórtica em relação à idade tem sido amplamente relatada na literatura. Por outro lado, não há publicações sobre a expectativa de vida em relação ao risco cirúrgico, e/ou ao risco cirúrgico combinado à idade cronológica.
Sendo assim, um estudo recente, publicado na revista Elsevier, teve como objetivo estimar o tempo de sobrevida relacionado ao risco cirúrgico e a idade após substituição da valva aórtica, ou seja, em uma população em que tanto SCVA quanto TAVI podem ser considerados.
Para isso, 8.353 pacientes com ou mais de 60 anos submetidos a procedimentos de substituição da valva aórtica foram estratificados em risco cirúrgico baixo, intermediário ou alto usando o EuroSCORE ou EuroSCORE II, e divididos em faixas etárias.
Os resultados finais definiram que pacientes de baixo risco tiveram um tempo de sobrevida mediana de 10,9 anos; pacientes de risco intermediário de 7,3 anos; e pacientes de alto risco de 5,8 anos. A mortalidade cumulativa em 5 anos dos pacientes classificados como de baixo risco foi de 16,5%; para aqueles classificados como de risco intermediário, 30,7%; e para os pacientes classificados como de alto risco, 43,0%.
Além disso, a associação entre idade e risco de mortalidade foi significativamente diferente entre os grupos de risco.
Em pacientes de baixo risco, houve uma associação significativa entre idades mais altas na cirurgia com mortalidade em 5 anos, enquanto nenhuma associação significativa entre idade e mortalidade foi observada em pacientes de risco intermediário ou em pacientes de alto risco.
Com esses dados, infere-se que, no momento da cirurgia, a idade cronológica está significativamente associada à mortalidade em 5 anos em pacientes de baixo risco, mas não em pacientes de risco intermediário e alto. Portanto, os resultados apoiam as diretrizes atuais que recomendam a substituição em pacientes de alto risco, independentemente da idade.
Por outro lado, os resultados sugerem que a idade cronológica permanece importante em pacientes de baixo risco, devendo ser reconsiderada.
Sendo assim, o fator risco cirúrgico, associado à idade, é de extrema relevância na tomada de decisão terapêutica em pacientes com estenose aórtica. Portanto, mais estudos epidemiológicos, que envolvem o prognóstico em conduta expectante e/ou cirúrgica, devem ser publicados.
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Referências
1. Martinsson Andreas, et al. Life Expectancy After Surgical Aortic Valve Replacement. Elsevier. 2021 Nov 30;78(22):2147-2157.
Conteúdo traduzido e adaptado por Diego Arthur Castro Cabral