Os sistemas de tutoria inteligente na neurocirurgia são possibilidades que vieram para somar às outras tecnologias que estão ainda mais latentes em meio à pandemia como a telemedicina e às ações Inteligência Artificial (IA) aplicadas à área médica.
Atualmente, não é incomum ver casos de cirurgias à distância, realizadas com robôs e outras tecnologias. Obviamente, as tecnologias não substituem o papel de um professor de medicina, mas em meio ao distanciamento social, essa lógica está sendo cada vez mais difundida.
Pesquisadores das Universidades de Toronto e Montreal, do Canadá defendem que diante da pandemia de COVID-19 e do cancelamento e/ou adiamento de cirurgias, acadêmicos de medicina e residentes tiveram sua educação prática afetada. Neste sentido, a combinação das cirurgias realizadas com sistemas de tutoria inteligente com as simulações cirúrgicas que são cada vez mais fidedignas cria condições para que os residentes possam praticar suas habilidades cirúrgicas e aprender a enfrentar os desafios da atualidade.
Na Neurocirurgia, essa prática é comum e nas próximas linhas, você pode conferir todos os detalhes da pesquisa!
Sistemas de tutoria inteligente: o que são e como funcionam?
De acordo com os pesquisadores, os sistemas de tutoria inteligente são plataformas de ensino que são combinados simuladores de realidade virtual. Os simuladores são recursos que ajudam os acadêmicos na familiarização de procedimentos cirúrgicos específicos como: análise de estruturas anatômicas 3D e práticas de habilidades técnicas em ambientes livres de risco.
Ao mesmo tempo, em que os sistemas de tutoria inteligente são automatizados, os estudantes recebem feedbacks personalizados sobre o seu desempenho. No caso do Virtual Operative Assistant — um sistema de tutoria inteligente específico para simulações neurocirúrgicas — os retornos aos estudantes são realizados a partir de fatores como:
Desempenho;
Proficiência na prática cirúrgica;
Pontos a serem melhorados.
Sistemas de tutoria inteligente, na prática: uso e protótipo
Os algoritmos da plataforma servem para mapear e identificar as habilidades dos acadêmicos e, por isso, o Virtual Operative Assistant é uma espécie de tutor de ensino.
Não é à toa que há registros de neurocirurgiões e residentes que já realizaram cirurgias como a ressecação de um tumor cerebral com aplicação da realidade virtual e de um simulador, a partir do uso de um aspirador ultrassônico.
A seguir, reproduzimos a foto de um protótipo dos desenvolvidos pelos pesquisadores para um centro de simulação cirúrgica. A figura foi produzida pelo Dr. Mostafa Sabbagh e Manal Al-Tahawi, que concederam permissão de uso aos co-autores e tem licença de Creative Commons.
Integração de aprendizagem humana com sistemas inteligentes potencializa a formação do médico
Por fim, os pesquisadores destacam que a tecnologia não vai substituir a figura do médico e que a integração dos métodos de aprendizagem é algo muito mais eficiente. Em tempos pandêmicos, a tecnologia ajuda a preencher as lacunas do conhecimento, com respeito ao distanciamento social e, ao que tudo indica, essa tendência veio para ficar já que muitos programas de educação cirúrgica estão tendo que adaptar suas práticas de ensino.
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Referências
- Mirchi, N., Ledwos, N., & Del Maestro, R. (2021). Intelligent Tutoring Systems: Re-Envisioning Surgical Education in Response to COVID-19. Canadian Journal of Neurological Sciences / Journal Canadien Des Sciences Neurologiques, 48(2), 198-200. doi:10.1017/cjn.2020.202. Acesso em 24/02/2022
- Mirchi N, Bissonnette V, Yilmaz R, Ledwos N, Winkler-Schwartz A, Del Maestro RF (2020) The Virtual Operative Assistant: Uma ferramenta de inteligência artificial explicável para treinamento baseado em simulação em cirurgia e medicina. PLoS ONE 15(2): e0229596. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0229596. Acesso em 24/02/2022