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Chega de médico acabando com a medicina - #Somos_todos_pablo

Chega de médico acabando com a medicina - #Somos_todos_pablo
Fernando Carbonieri
mar. 8 - 5 min de leitura
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A Medicina Brasileira tem algo para comemorar. No nosso meio, temos a máxima de que quem acaba com a medicina é o próprio médico. Não precisa ficar pensando muito para ver que isso é uma verdade. Basta ligar o noticiário que você verá alguns colegas que dão um jeitinho de receber por fora, de lucrar com as OPMEs, de fazer dedos de silicone para bater ponto... A maldita cultura do jeitinho.

Entretanto somos sim uma nova geração de médicos e médicas, com valores diferentes de muitos dos que nos antecederam e até nos preceptoraram. Atire a primeira pedra aquele que não presenciou nenhuma vez em suas vidas algo reprovável de um professor, preceptor ou chefe de serviço.

Reitero que não são todos e nem a maioria. Tratam-se de uma minoria que insistem em macular os mais de 2500 anos de virtudes necessárias para ser médico: 
1)Confiabilidade
2)Compaixão
3)Prudência - First do no harm!
4)Justiça
5)Fortitude: a coragem moral
6) Temperança
7) Integridade e dignidade

Algo diferente aconteceu nesta semana. Não conheço o Pablo, mas o respeito muito.

Não é de hoje que proclamo alguns dos serviços de residência médica como "a terra de senhores feudais que mandam e desmandam no setor, nas finanças do serviço, nos residentes, nos acadêmicos e em quem mais habite aquele pedaço de centro cirúrgico ou enfermaria do reino hospital."

Pablo, médico, cirurgião geral e o próximo a ser chamado na fila de espera para ser treinado como Especialista em Cirurgia Plástica no Hospital Federal dos Servidores no Rio de Janeiro e, provavelmente muito feliz por se aproximar do seu propósito dentro da medicina, quase foi uma vítima desse feudalismo médico. Você deve ter visto em seus grupos de whatsapp, mas trago aqui para que fique documentado e não fique perdido nos arquivos nunca mais visitados...

Segue:

Essa mensagem se espalhou com uma rapidez tremenda entre médicos, residentes, cirurgiões plásticos, acadêmicos de medicina e rompeu o whatsapp atingindo grandes veículos de comunicação. Uma verdadeira punição social ao senhor feudal (ou a família dele), ao reino Hospital Federal dos Servidores no Rio de Janeiro e também a modus operandi de muitos hospitais Brasil afora.

Até o fechamento deste texto, num dia de semana comum, Domingos pai foi exonerado, Domingos Neto (que é filho) entrou em uma vaga de especialização no serviço em que o patriarca trabalhava e Pablo aceitou a vaga no Hospital Federal dos Servidores no Rio de Janeiro.

Pesquisando entre os colegas mais próximos, tenho a impressão de que TODOS já sofreram, e ainda sofrem, coerção semelhante. Provavelmente, situação que causa tanta infelicidade (consequência gerada por déspotas de branco) na vida de tantos médicos e residentes atuantes no país.

Os tempos são realmente outros. A clareza das informações e a capacidade de você tornar público seu descontentamento, sem precisar esperar pela morosa justiça tupiniquim, são os fatores que estão mudando a nossa sociedade. Quanto maior a transparência, melhor é uma profissão e melhor o país onde ela se desenvolve.

A briga moral de toda a nossa sociedade deve ser pela transparência. Com uma sociedade transparente podemos promover retidão política, liberdade de expressão, direitos humanos, informação, moral e ética. Obviamente enfrentamos um momento de caos moral, no qual tudo e todos são reprováveis (o famoso mimimi), entretanto o episódio de hoje mostra que tornar público algo reprovável, tem resultados.

Hoje, pode-se dizer, que um acadêmico de medicina está um pouco mais tranquilo, pois seu esforço e brilhantismo não serão apagados por um "filhinho de papai", um "reizinho" que é premiado pela mediocredade. Um R2, está mais tranquilo para aprender, pois sabe que o serviço de ortopedia que ele elegeu para aprender, cada vez mais se limitará a apenas ensinar, ao invés de coagir (Marília, também vimos às suas práticas). 

Precisamos do fim da cultura feudal, que apenas explora os "residentes vassalos" a tocar serviço. Se são residentes, são pares, se são acadêmicos, são futuros pares... 

A medicina depende de uma boa formação, de cobrança. Não precisamos de vassalagem formadora, conhecimento verticalizado e da permanência de nobres pobres de espírito como exemplos.

A transparência das informações tem sim seus problemas momentâneos, mas nesse caso, em especial, pode proporcionar o cumprimento da estrofe final do juramento que fizemos em nossa formatura:

"Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça."
                                                       - Juramento de Hipócrates

Comemoro sim o dia de hoje (acho que a medicina inteira comemora o dia de hoje), pois Pablo irá seguir no Servidores e, junto com ele, todos os colegas que não aguentam mais o feudalismo médico. Somos uma legião de profissionais direitos e não permitiremos mais a reprodução de atitudes vis pelos poucos que apodrecem a nossa categoria.  

#Somos_Todos_Pablo

Atenciosamente, Fernando Todt Carbonieri.
Fundador da Academia Médica.

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