Um relatório divulgado recentemente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apresenta uma estatística preocupante: quase 90% da população mundial mantém algum tipo de preconceito contra mulheres. Este estudo abrangente, que englobou 85% da população do planeta, destaca um problema que permeia todos os setores da sociedade, inclusive a área de saúde. Segundo o relatório, quase metade dos entrevistados acredita que homens são líderes políticos superiores às mulheres e mais eficientes como executivos. Esta desigualdade de percepções de gênero afeta diretamente a forma como as mulheres são vistas e tratadas.
No Brasil, único país de lingua portuguesa incluído no estudo, 84,5% das pessoas exibem algum tipo de preconceito contra as mulheres. Este preconceito é mais perceptível na esfera física, com mais de 75% dos entrevistados manifestando preconceitos relacionados à violência e à autonomia feminina para decidir sobre a procriação. Os preconceitos enfatizados no relatório colocam barreiras consideráveis para as mulheres, como a restrição de direitos e a escassa representação feminina em cargos de liderança. Este cenário se reflete no setor da saúde, onde as mulheres são sub-representadas em posições de liderança e enfrentam desafios extras devido a normas de gênero discriminatórias.
O relatório do PNUD também destaca o abismo entre os avanços das mulheres na educação e o seu empoderamento econômico. Em 59 países, mais mulheres são graduadas do que homens, mas a disparidade de renda média entre os gêneros favorece os homens em 39%. Esta realidade afeta diretamente as mulheres na área da saúde, expondo uma lacuna que precisa ser superada.
Além disso, em nações com altos índices de preconceito de gênero, as mulheres gastam em média seis vezes mais tempo do que os homens em tarefas de cuidado não remuneradas. Esta realidade impõe um "duplo turno" a muitas mulheres, prejudicando sua participação no mercado de trabalho, inclusive na medicina.
A importância dessas descobertas para os profissionais de saúde é significativa. É essencial que médicos e outros profissionais de saúde estejam cientes destas disparidades e lutem por ambientes mais inclusivos e equitativos. Isso envolve combater o discurso de ódio e a desinformação de gênero, que tendem a perpetuar normas e estereótipos de gênero danosos.
A conclusão do relatório é otimista: apesar do preconceito contínuo contra as mulheres, a mudança é factível. Os autores do estudo afirmam que assegurar a liberdade das mulheres é crucial para o progresso do desenvolvimento humano e que a igualdade de gênero beneficia a todos. É imperativo que os profissionais de saúde se engajem nessa luta, desafiando normas sociais e buscando igualdade em todos os aspectos de suas atividades.
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Fonte:
United Nations News. "ONU: 90% da população mundial tem algum preconceito contra mulheres". UN News, 12 de junho de 2023. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2023/06/1815832.