Diversos estudos científicos afirmam que a exposição materna a ambientes naturais favorece o crescimento saudável do bebê, mas tais evidências mostram resultados heterogêneos entre as regiões e há muito pouca pesquisa sobre os efeitos dos espaços azuis, como rios, mares ou lagos.
Um novo estudo envolvendo uma equipe do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) avaliou as associações entre a exposição materna a espaços naturais durante a gravidez e os resultados do nascimento de bebês em nove países europeus: Holanda, Reino Unido, Dinamarca, França, Espanha, Lituânia, Noruega, Itália e Grécia.
Os cientistas se basearam em uma coorte de 69.683 recém-nascidos, com peso médio de nascimento de 3,42 kg, dos quais 6,6% foram classificados como pequenos para a idade gestacional (PIG). Para cada participante, foram calculados sete indicadores de exposição residencial a ambientes naturais, como área verde circundante a 100, 300 e 500 metros do domicílio, calculado pelo Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI); distância até a área verde mais próxima; acessibilidade ao espaço verde; distância ao espaço azul mais próximo; e acessibilidade ao espaço azul.
Os resultados do estudo, publicados na revista Environment International, indicam que a proximidade de espaços verdes residenciais está associada a maior peso ao nascer e menor probabilidade de ter um bebê PIG. Em contraste, uma maior distância para espaços verdes residenciais está associada a menor peso ao nascer e maiores chances de que o bebê seja classificado como PIG.
A equipe também avaliou a modificação do efeito potencial por status socioeconômico (SES) e região da Europa. Os resultados indicam associações mais fortes entre espaços verdes residenciais e maior peso ao nascer para participantes residentes na região norte da Europa, com níveis educacionais mais baixos e provenientes de áreas mais carentes.
Os resultados mostraram quase nenhuma associação para acessibilidade a espaços verdes e exposição e acessibilidade a espaços azuis. Ainda, notavelmente, as associações não mudaram após o ajuste para o fator poluição do ar.
Segundo os autores, os resultados deste estudo podem subsidiar a implementação de políticas de promoção de ambientes naturais nas cidades, começando pelas áreas mais desfavorecidas. Sabe-se que bebês com baixo peso ao nascer possuem risco aumentado de terem deficiência de crescimento, menor QI e morte prematura na infância, bem como obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes na idade adulta.
Referências:
Maria Torres Toda, Demetris Avraam, Timothy James Cadman, Serena Fossati, Montserrat de Castro, Audrius Dedele, Geoffrey Donovan, Ahmed Elhakeem, Marisa Estarlich, Amanda Fernandes, Romy Gonçalves, Regina Grazuleviciene, Jennifer R. Harris, Margreet W Harskamp-van Ginkel, Barbara Heude, Jesús Ibarluzea, Carmen Iñiguez, Vincent WV Jaddoe, Deborah Lawlor, Aitana Lertxundi, Johanna Lepeule, Rosemary McEachan, Giovenale Moirano, Johanna LT Nader, Anne-Marie Nybo Andersen, Marie Pedersen, Costanza Pizzi, Theano Roumeliotaki, Susana Santos, Jordi Sunyer, Tiffany Yang, Marina Vafeiadi, Tanja GM Vrijkotte, Mark Nieuwenhuijsen, Martine Vrijheid, Maria Foraster, Payam Dadvand. Exposure to natural environments during pregnancy and birth outcomes in 11 European birth cohorts. Environment International, 2022; 170: 107648 DOI: 10.1016/j.envint.2022.107648
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