Restringir o acesso ao aborto está ligado a aumento do risco
de suicídio para mulheres em idade reprodutiva nos Estados Unidos, segundo
pesquisa publicada no JAMA Psychiatry.
O trabalho foi desenvolvido por integrantes da Perelman School of Medicine e do Penn's Department of Psychology na School of Arts & Sciences.
O suicídio é a terceira principal causa de morte entre
pessoas de 25 a 44 anos nos país. Para saber como as restrições ao aborto
poderiam estar relacionadas ao problema, os cientistas utilizaram dados
estaduais de 1974 a 2016, cobrindo toda a população de mulheres adultas durante
o período.
Foram construídos índices de medição de acesso a cuidados
reprodutivos com base na observação da aplicação de legislações estaduais
relativas ao assunto. Entre as mulheres em idade reprodutiva, foram analisadas
taxas de suicídio antes e depois que determinadas leis entraram em vigor,
havendo comparação entre lugares com e sem restrições à realização de aborto.
Foi então concluído que as mulheres que experimentaram legislações restritivas
tiveram aumento significativo na taxa de suicídio.
Segundo os autores do estudo, o mesmo tem algumas
limitações, como o fato de a saúde mental das mulheres não ter sido avaliada
previamente de forma individual. Porém, eles afirmam que a constatação da
pesquisa não deve ser ignorada, podendo ter implicações clínicas, políticas e
éticas.
De acordo com a pesquisa, reconhecer o vínculo entre acesso
restrito ao aborto e suicídio pode contribuir no tratamento dado às mulheres em
idade reprodutiva por parte dos profissionais de saúde. Além disso, pode
influenciar no planejamento futuro de restrições parciais, restrições de pleno
direito e mesmo na criminalização do aborto não apenas nos EUA, mas em todo o
mundo.
Referência:
Association Between
State-Level Access to Reproductive Care and Suicide Rates Among Women of
Reproductive Age in the United States, JAMA Psychiatry (2022). DOI:
10.1001/jamapsychiatry.2022.4394
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