Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Brasileira - 05 outubro 2023
No panorama atual da formação médica no Brasil, os últimos anúncios governamentais sobre a abertura de novas escolas médicas têm despertado alarme e preocupação no meio médico. O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) emitem uma nota de esclarecimento condenando essas iniciativas.
Ambas as entidades defendem que
os argumentos apresentados têm relevância e merecem atenção dos especialistas e de toda a comunidade médica.
Segundo a nota emitida pelo CFM e AMB, o Brasil tem visto um aumento significativo no número de médicos nos últimos anos, ultrapassando índices de países desenvolvidos como Japão e Estados Unidos. Estima-se que, até 2035, possamos alcançar a marca de 1 milhão de médicos em atividade. Embora, à primeira vista, tal crescimento possa parecer benéfico, os dados apontam para uma abertura indiscriminada de escolas médicas, sem a devida estrutura e qualidade na formação dos futuros profissionais.
Um dos argumentos centrais do CFM e AMB é que a criação de novas escolas, muitas em regiões remotas, não resolve o problema de falta de médicos nesses locais. A migração de médicos recém-formados para grandes centros urbanos em busca de especialização e melhores condições de vida é uma realidade que se repete. As promessas de melhoria na assistência nessas regiões ficam, assim, em segundo plano.
📍 A recomendação das entidades são claras: para que uma escola médica seja aberta, esta deve estar localizada em municípios que cumpram, no mínimo, três critérios essenciais. Estes incluem a oferta de leitos públicos, acesso a Equipes de Saúde da Família (ESF) e a presença de um hospital ensino. No entanto, observa-se que muitas das escolas existentes hoje não atendem a esses pré-requisitos.
Para sociedade essa é uma questão de extrema importância e deve ser anunciada. A avaliação adequada de instituições de ensino é fundamental para garantir uma formação de qualidade. Infelizmente, o cenário atual não conta com recursos ou estrutura suficientes para avaliar corretamente as quase 400 escolas de medicina já em funcionamento no Brasil, o que torna a proposta de abertura de 95 novas instituições ainda mais preocupante.
Em resumo, a decisão do governo, segundo o CFM e AMB, carece de embasamento técnico e não considera a realidade do ensino médico e da assistência no país. Mais do que números, o foco deve ser na formação de médicos qualificados, capazes de oferecer assistência de qualidade à população. Os especialistas e a sociedade, por sua vez, devem estar atentos a essas questões e, juntos, buscar soluções que visem o bem-estar dos cidadãos, a valorização da profissão médica e acima de tudo a valorização da saúde.
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Referência:
Conselho Federal de Medicina & Associação Médica Brasileira. (2023). CFM e AMB alertam para falta de critérios técnicos na abertura de escolas médicas [PDF]. https://amb.org.br/wp-content/uploads/2023/10/CFM_e_AMB_alertam_para_falta_de_criterios_tecnicos_abertura_escolas_medicasATUALIZADO.pdf