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O estudo da ética médica durante a graduação e a realidade dos médicos recém-formados

O estudo da ética médica durante a graduação e a realidade dos médicos recém-formados
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out. 3 - 3 min de leitura
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Os processos ético-profissionais contra condutas médicas aumentaram em 302% em 10 anos (2001- 2011), de acordo com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). A pesquisa Perfil dos Médicos no Brasil realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) corrobora com uma das justificativas para o aumento exorbitante dos processos: 16,5% dos médicos brasileiros desconhecem a existência do Código de Ética Médica (CEM) e 81,5% dos profissionais revelam incredulidade quanto aos rumos da prática médica.

Frente a esses dados, a pesquisa publicada na revista Bioética do CFM,  realizada no Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, analisou o discurso de doze residentes do primeiro ano do programa de residência de Medicina da Família e Comunidade e de Clínica Médica, sendo que a maioria cursa a segunda especialidade.

O estudo transversal e qualitativo categorizou o discurso dos participantes em quatro categorias, sendo elas: C1) ensino ético ao longo da graduação médica; C2) desatualização sobre a temática CEM/2018 3,4; C3) oportunidade prática de utilizar os princípios do CEM graças a conhecimento prévio; C4) necessidade da participação de preceptores ou médicos mais experientes para conduzir um caso ético; e C5) capacidade de comentar uma atualização do CEM/2018 .

De acordo com a análise dos resultados, a maioria dos residentes (66,7%) foram capazes de comentar uma atualização do último CEM e metade dos participantes mostraram dominar o CEM na prática. Entretanto, 25% das respostas apontam a desatualização quanto às normativas do CEM/2018 . Em consonância, 33,4% dos discursos cita a insuficiência do ensino ético formativo a despeito da alta relevância conceitual para a vida profissional.

Os médicos residentes que mostraram domínio e atualização sobre o CEM afirmaram aprofundar-se no assunto após a graduação, utilizando diferentes fontes para atualização, como a releitura do CEM/2009 10, a leitura do CEM/2018 3,4 e a realização de cursos presenciais de ética médica disponibilizados pelos CRM no ano de 2019. Evidenciando que o entendimento sobre a ética médica foi elaborado e aprofundado em ambiente extraclasse e após a graduação em Medicina.

Por fim, o estudo justifica que o déficit de domínio e de segurança do tema por parte do residente no ambiente profissional deve-se em parte ao pouco tempo dedicado com exclusividade à compreensão e à atualização dos conceitos de ética médica, mesmo que a graduação médica brasileira destine tempo exclusivo ao estudo ético.

Referência                                                                                                                             

SANCHEZ, Thays Helena Barbosa; FRAIZ, Ipojucan Calixto. Ética médica e formação do médico. Revista Bioética, [S.L.], v. 30, n. 2, p. 284-299, jun. 2022. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1983-80422022302525pt.

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