Equipes de pesquisadores da Weill Cornell Medicine, New
York-Presbyterian e National
Institutes of Health (NIH) identificaram um tipo de anticorpo, que mesmo em
níveis muito pequenos é capaz de neutralizar o Zika vírus, tornando a infecção pelo
mesmo indetectável em modelos pré-clínicos.
Transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, o mesmo da dengue, o
Zika podendo causar defeitos congênitos graves quando transmitido de uma mulher
grávida para o feto, incluindo não crescimento do crânio e lesões cerebrais.
Segundo pesquisa publicada na revista Cell, um anticorpo de imunoglobulina M (IgM) – proteína imunológica
de cinco braços que se liga ao vírus – foi isolado após coleta de células
sanguíneas de gestantes infectadas pelo zika. Através de experimentos com
camundongos, foi descoberto que o anticorpo, chamado DH1017.IgM, protegia os
animais de infecções letais e também eliminava o vírus, fazendo com ele
deixasse de ser detectado no sangue.
Ao examinar a estrutura molecular do anticorpo, os
cientistas descobriram que, ao se ligar ao vírus, vários braços do DH1017.IgM poderiam
se prender a uma partícula viral simultaneamente. A constatação sugere que os
anticorpos IgM podem ser eficazes para proteger não apenas contra o Zika, mas
também contra outros tipos de vírus.
Os pesquisadores acreditam que, no futuro, o anticorpo possa
ser utilizado para reduzir rapidamente e de forma segura os níveis de zika no
sangue de gestantes infectadas ou como medida preventiva administrada a pessoas
em risco de contrair o vírus. Atualmente, não existem vacinas ou tratamentos
aprovados para o problema.
As células sanguíneas utilizadas na pesquisa foram coletadas
no Brasil, durante surto de Zika vírus no país iniciado no ano de 2015.
Participaram da iniciativa cientistas da Universidade Federal do Espírito Santo.
Referência:
Mattia Bonsignori, A
Zika virus-specific IgM elicited in pregnancy exhibits ultrapotent
neutralization, Cell (2022).DOI:
10.1016/j.cell.2022.10.023. www.cell.com/cell/fulltext/S0092-8674(22)01369-1